Home Editorial Editorial: Quixeramobim precisa mesmo eleger deputados “filhos da terra”?

Editorial: Quixeramobim precisa mesmo eleger deputados “filhos da terra”?

O ano de 2018 ainda nem chegou e os políticos locais já estão discutindo a suposta necessidade que Quixeramobim tem de eleger “filhos da terra” para o cargo de deputado estadual. Os que defendem esta ideia argumentam que é preciso dar continuidade ao legado de políticos como Leorne Belém e Alfredo Machado, ambos quixeramobinenses que, quando eleitos para a Assembleia Legislativa, muito contribuíram com o desenvolvimento do município. Mas, deve ser esse o único critério utilizado pelos cidadãos de Quixeramobim na hora de escolher os parlamentares em 2018? A prudência sugere que não.

O discurso que vem sendo sutilmente construído e transmitido ao povo desmorona facilmente diante de uma reflexão crítica acerca dessa “necessidade” municipal. É preciso que se divulgue que o que define a atuação de um deputado em prol de um município não é, nem tanto, ter nascido neste. Prova disso é que tantos há que são filhos da terra e que não apresentam trabalhos relevantes em favor desta, enquanto outros que não nasceram no município se mostram incansáveis na luta pelo desenvolvimento local.

Os que evocam o legado de personalidades como os ex-deputados Alfredo Machado e Leorne Belém na tentativa de sustentar as próprias teses se esquecem de que esses homens não só nasceram em Quixeramobim, eles também eram políticos compromissados com os eleitores do município. O erro consiste em confundir a origem com a aptidão política. Quem garante que os filhos da terra desta geração terão a mesma desenvoltura e o mesmo compromisso com o município que aqueles tiveram?

Por trás dessa prática discursiva rasa, já surrada pelo uso, está escondido um jogo de interesses que objetiva a carimbar figuras do município como plausíveis candidatos para o pleito de 2018. Apresentar-se como parte do povo, ligando as fracas e/ou infundadas propostas a uma alegada identidade municipal, ajuda esses candidatos a conquistarem os almejados assentos da Assembleia Legislativa do Estado.

Os cidadãos de Quixeramobim devem estar atentos, não somente ao que sai da boca dos candidatos, mas também ao histórico destes. O compromisso com o eleitor e a aptidão política se revelam características muito mais determinantes da ação de um deputado do que a simples procedência. Por isso, é preciso analisar e escolher com cuidado os futuros representantes do município. Quão bom seria se os próximos deputados fossem, não só “filhos da terra”, mas também políticos aliançados com ela.

Editorial do Repórter Ceará

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