Agricultores da localidade de Inhumas, em Santana do Cariri, no Ceará, encontraram artefatos arqueológicos que podem ter pertencido a índios que viveram na região do Cariri no período pré-colonial. Os materiais foram descobertos em um sítio onde trabalhadores recolhem sedimentos para a construção civil. Os objetos, alguns semelhantes a vasos, foram avaliados por arqueólogos do Instituto de Arqueologia do Cariri, que reconheceram o valor histórico das peças.
“Nós fomos pegar uma carrada de barro do meu cunhado pra construir uma garagem. Quando chegamos lá encontramos um pedaço (do artefato) e ficamos interessados em cavar mais”, conta o agricultor Paulo Júnior Bento de Souza.
Um deles diz ter desconfiado de que se tratava de objetos antigos ao perceber características diferentes das que via em artigos comuns da região. “Já cheguei a ver esses mesmos materiais em Mororó, onde trabalhei uma vez. Na hora que vi percebi que era coisa antiga”, disse Cleivan Bento de Souza.
A arqueóloga Heloisa Bitu, do Instituto de Arqueologia do Cariri, foi até o sítio reconhecer o material.
De acordo com ela, os passos são averiguação da área, identificação do material e preparação de fichas de cadastro para envio ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão responsável pela guarda e direcionamento das peças. “Já enviamos todas as informações e aguardamos um posicionamento deles. Inicialmente, se solicitou que a área fosse isolada, que não fosse mais feita a retirada de sedimento para diminuir os possíveis impactos ao sítio identificado”, afirma.
Pesquisador da Fundação Grande, se especializando em arqueologia social e inclusiva, Everaldo Mororó ressalta que a origem das peças só poderá ser revelada após análises especializadas, mas que já existem relatos de moradores sobre outros achados. “Realmente se trata de material arqueológico, pela característica desses vasos, a forma de produção e o ambiente onde foi encontrado. Existem relatos da comunidade dizendo que sempre encontraram materiais desses, que já na compreensão deles eram relacionados aos índios que viveram aqui na região”, explica.
Ainda segundo Mororó, o material pode estar relacionado ao uso doméstico e à tradição aratu, de cerca de quatro mil anos atrás.
Repórter Ceará com informações do G1-CE