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Assim na Vida como na Morte

Com o título “Assim na Vida como na Morte”, eis o artigo da geógrafa e presidente da Academia Quixeramobinense de Letras, Ciências e Artes (AQUILetras), Terezinha Oliveira, sobre a XII Feira de Ciência e Cultura do Liceu de Quixeramobim, trazendo uma análise aprofundada do tema do evento deste ano que abordou o cemitério Nossa Senhora do Carmo, o mais antigo do município.

Confira:
Participei como jurada da XII FEIRA DE CIÊNCIAS E CULTURA do LICEU ALFREDO DE ALMEIDA MACHADO realizada na última quarta-feira, 14 de novembro de 2018. Foi uma oportunidade de interagir com os jovens pesquisadores, com os quais sempre temos o que aprender.

O Título desse texto foi um dos Temas objeto de estudos e após as conceituações pertinentes, a Equipe orientada pelo Professor de História – Carlos Roberto Leite Costa aprofundou sua análise, tendo por objeto de estudo o Cemitério Municipal Nª Sª do Carmo, o maior e mais antigo de Quixeramobim.

Talvez os menos avisados não pensem de imediato na riqueza dessa temática, por desconhecer o quanto os “Campos Santos” guardam da história política e familiar, formação étnica, arquitetura e gosto artístico, costumes religiosos e mundanos de uma sociedade, sua estratificação e outros aspectos. Os cemitérios antigos como o da nossa Cidade guardam muitas simbologias em seus mausoléus. A visita a esses locais permite ainda medir a “urbanidade” e a eficiência administrativa dos responsáveis pela prestação dos serviços urbanos, dentre os quais estão os Cemitérios.

O relato dos alunos e a mostra fotográfica foram ricos, especialmente sobre alguns jazigos mais visitados em função de fatos extraordinários e/ou pitorescos sobre os falecidos que ali estão sepultados. Mas a conclusão preocupante é o estado de “MORTE” do próprio Cemitério. sua Capela de rara arquitetura está em declínio; a ocupação desordenada dos espaços entre os túmulos impedem a circulação dos visitantes; vendas indevidas de terrenos sem qualquer plano e/ou controle. Então por que esse caos e a falta de soluções? Sinceramente não tenho idéia. Se não respeitamos os sepultados (que não podem reclamar), mas os Vivos que vez por outra adentram àquele espaço merecem um lugar para chorar e rezar por seus falecidos.

Na circunvizinhança do Cemitério se estende um amplo terreno do DNOCS (área pública) o que deveria ter facilitado a expansão do referido Campo Santo. Mas até hoje o que se apresenta são particulares ocupando o entorno, condenando a entropia daquele equipamento imprescindível à Cidade dos Vivos.

Aí está o Nó da questão – a Cidade dos Vivos também cresce sem o devido respeito às suas edificações históricas; sem cumprimento das Leis de Uso e Ocupação do Solo Urbano. Não se reclama da ausência das áreas previstas legalmente: Praças, Áreas Verde, Áreas institucionais e Sistema Viário dentro das normas. Ruas obstruídas por comerciantes e suas mercadorias e cones ou cavaletes “privatizando” a rua e as praças; entulhos e material de construção atrapalham a circulação de pedestres e motorizados. Poluição sonora é corriqueira, além de tantos outros maus hábitos que um exacerbado individualismo há muito matou a cordialidade entre moradores sociáveis.

Daí ser uma triste verdade a sentença “Assim na Vida como na Morte”; os Vivos na desordem urbana; os Mortos no caótico Campo Santo, que assombra mais que possíveis fantasmas

Terezinha Oliveira

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