Pouco mais de três anos após o rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, um novo desastre ambiental voltou a cobrir o Brasil com a lama da vergonha, da dor e da revolta. Dessa vez, o rompimento da barragem do Feijão, em Brumadinho, trouxe consequências inéditas para o país, com danos ambientais irreparáveis e perdas humanas que ainda são incalculáveis.
Isso porque até o momento já foram confirmadas 65 mortes, mas o número de desaparecidos ainda permanece alto, com quase 300 pessoas sendo procuradas pelas equipes de resgate. E o mais triste é que quanto mais o tempo passa, menores se tornam as chances de encontrar algum desaparecido que ainda esteja com vida.
Diante desse desastre, o governo federal agiu de forma rápida e efetiva, montando, no mesmo dia do rompimento, um gabinete de crise interministerial com o objetivo de atender as famílias atingidas, bem como apurar as causas do ocorrido. Conseguiu, também, uma parceria com o Estado de Israel, que enviou ao país 135 médicos, engenheiros, bombeiros e algumas toneladas de equipamentos de ponta para auxiliar nas buscas.
A Vale, que é a mineradora responsável pela barragem do Feijão, se desculpou pelo ocorrido, mas afirmou que cumpriu todos os procedimentos de segurança necessários. E isso nos leva a pensar que ou a empresa está mentindo ou esses procedimentos não são suficientes para garantir a segurança dessas barragens.
É preciso deixar claro que não se trata de uma tragédia, porque havia sim a possibilidade de prever o que aconteceu. Se trata, porém, de um crime com repercussões sem precedentes na história deste país. Por isso, nós esperamos que o protagonismo das nossas autoridades não se limite ao momento do desastre, mas que tenha sua duração prolongada até que a legislação seja cumprida e todos os responsáveis sejam punidos de forma exemplar.
Repórter Ceará