Debatedores ouvidos nesta terça-feira, 27, pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) foram unânimes na crítica ao sistema tributário atual, na importância de uma reforma e na necessidade de ajustes no texto da proposta em discussão. A audiência faz parte de uma série de debates sugerida e presidida pelo senador Roberto Rocha (PSDB-MA), relator da reforma tributária (PEC 110/2019) na CCJ.
O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal Filho, lembrou que a reforma tributária vem sendo debatida no país há duas décadas, sem muito progresso. Ele disse, porém, ter a esperança de que o debate de agora seja produtivo. Em sua opinião, um sistema tributário justo e moderno deve ser “simples, transparente, neutro e equitativo”.
Murilo Portugal lamentou o grande número de isenções, criticou os tributos sobre o sistema bancário e afirmou que a carga tributária nacional, de cerca de 33%, é muito alta. Segundo o presidente da Febraban, a média é de 27% para países em desenvolvimento. Ele ainda disse esperar que a reforma tenha um impacto importante na produtividade do país e sugeriu alterações na forma de cobrança e recolhimento do imposto sobre bens e serviços (IBS).
“A reforma tem que olhar para o futuro. Precisamos pensar nos novos paradigmas da economia digital e nos novos negócios que privilegiam os serviços”, declarou.
Na visão do gerente de Políticas Fiscal e Tributária da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Mário Sérgio Carrato Telles, a produtividade industrial do Brasil vem sendo comprometida por um sistema tributário ineficiente. Essa situação, apontou, termina onerando os investimentos e comprometendo o crescimento do produto interno bruto (PIB).
Mário Sérgio Telles lamentou a tributação do consumo e citou uma pesquisa que aponta que 75% dos empresários querem mudanças na atual forma de cobrança do ICMS. Ele criticou o imposto seletivo incidente sobre diversos insumos de produção, que prejudicaria o investimento das empresas, e as alíquotas uniformes entre estados, que comprometeriam a flexibilidade dos estados em momentos específicos.
Apesar das críticas, Telles elogiou o texto da PEC e sugeriu o aproveitamento de pontos da proposta de reforma tributária da Câmara dos Deputados (PEC 45/2019). Também sugeriu a criação de um fundo de desenvolvimento regional, para investimentos em infraestrutura ou incentivos à permanência de empresas na região.
“A reforma tributária é fundamental para sair dessa equação de baixo crescimento”, afirmou Telles.
Na visão do presidente da Associação Brasileira de Advocacia Tributária (Abat), Halley Henares Neto, a reforma tributária precisa focar a desoneração sobre a folha de pagamento. Ele disse que a medida é essencial para retomada da geração de empregos. Halley Neto deixou com a comissão um documento com sugestões para a reforma tributária, entre as quais ele destacou a redução seletiva de cobrança de tributos, baseada em número de empregados e massa salarial — com incentivos para as empresas que empregam mais e pagam melhor.
Repórter Ceará – Agência Brasil