Quem acompanha o dia a dia da política cearense deve ter ficado um pouco surpreso com a decisão do senador Cid Gomes de tirar uma licença de quatro meses para tratar de interesses particulares. Ao que tudo indica, essa licença faz parte de uma estratégia maior de Cid, cujo foco está na sucessão política da capital cearense.
A preocupação do pedetista é que as mesmas incertezas que marcaram as últimas eleições presidenciais também repousem sobre o quadro político de Fortaleza, que apesar de não ser o berço político dos Ferreira Gomes, é uma cidade que serve de trampolim para aqueles que almejam uma maior projeção nacional.
E um dos fundamentos da preocupação de Cid é o fato de que, pelo menos, nove partidos devem lançar candidatos a prefeito no próximo ano, sendo um desses candidatos o deputado federal Capitão Wagner. Além de ser campeão de votos no Ceará, Wagner já chegou ao segundo turno nas últimas eleições municipais em Fortaleza, e hoje é considerado o preferido na disputa.
Nesse cenário de movimentações intensas, principalmente do lado da oposição, o PDT de Cid ainda não definiu quem será o sucessor de Roberto Claudio, que encerrará sua segunda gestão burocraticamente isolado e com uma popularidade aquém do que se costuma notar em líderes pedetistas que já comandaram a capital.
Diante de tudo isso, a grande liderança política que é Cid Gomes parece ter reconhecido na sucessão em Fortaleza a necessidade da sua intervenção imediata de modo a ordenar todo esse processo e garantir a continuidade do domínio pedetista na capital, aceitando, até mesmo, por força das circunstâncias, abrir mão, provisoriamente, do seu assento no Senado Federal.
Um Minuto com Sérgio Machado
