As crises são capazes de fazer aquilo que poucos eleitores conseguem: elas removem a fantasia dos que se dizem benfeitores e revelam a verdadeira essência daqueles que lideram. É exatamente por isso que enquanto alguns políticos assumem a dianteira do enfrentamento ao novo coronavírus, outros se acovardam e se escondem em suas tocas esperando o mau momento passar para novamente lançar suas garras sobre a população fragilizada.
Onde estão alguns deputados e vereadores que dizem representar os interesses do município? Onde estão aqueles que sempre têm a melhor solução para todo e qualquer problema que surge por aqui? Dentre os poucos que mostram a cara, há aqueles que se limitam a converter a crise num comício, transformando o vírus num palanque.
E quando eu falo em assumir a linha de frente no combate a esse vírus, não trato somente daqueles que estão no poder. Me refiro às várias áreas de atuação às quais algumas lideranças podem se dedicar, independente se exercem mandato ou não. E uma das principais áreas é a da assistência social.
Digo isso porque em um cenário em que o comércio, a indústria e o setor de serviços estão quase completamente paralisados, há um número crescente de pessoas que necessitam de apoio financeiro e alimentar. Muitos trabalhavam como autônomos e sequer receberam confirmação do auxílio emergencial prometido pelo governo federal.
Por isso, em um momento grave como o que estamos vivendo hoje, é inconcebível que as nossas lideranças fechem os olhos e tapem os ouvidos para o clamor popular. É hora de construir uma rede que permita mapear todas as pessoas, da cidade e do interior, que nesse momento, estão precisando de ajuda para se alimentar. Após a obtenção dessas informações, é preciso arrecadar alimentos e produtos de higiene e fazer chegar na ponta, nas mãos de quem realmente precisa.
Assim como ocorre com a natureza, a política não suporta o vazio. Isso significa que, em situações como essa, o vazio de atuação deixado pela administração pública e por lideranças tradicionais no atendimento das demandas sociais acabará sendo preenchido por novos nomes e por organizações da sociedade civil, que herdarão boa parte do capital político que essa crise gerará.
Indo um pouco mais longe, a depender de como a classe política tradicional responderá, é muito provável que novas lideranças municipais despontem desse cenário conturbado com um maior apoio popular. E o surgimento de novas lideranças muitas vezes implica na queda de outras. E daí em diante o resto é história, que só as eleições poderão contar.
1 Minuto com Sérgio Machado