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Baixo preço do leite pago a produtores do Ceará desestimula categoria

Com o aumento no preço dos insumos e dificuldades para repassar essa alta para a indústria, produtores de leite do Estado vêm enfrentando dificuldades para viabilizar a atividade, que é um dos principais segmentos da pecuária cearense.

Segundo fontes do setor, para alguns produtores rurais os custos de produção já não compensam a venda de leite pelos preços pagos pela indústria de beneficiamento. E a situação chegou a tal ponto que há pecuaristas vendendo gado leiteiro para outros estados ou até considerando sair dessa atividade.

Enquanto o preço do litro do leite comprado pela indústria aumentou cerca de 30% ao longo deste ano, passando de R$ 1,15 para R$ 1,50, aproximadamente, o preço da soja e do milho, que servem de ração para o gado, tiveram alta de mais de 70% no mesmo período.

“Em todo o Brasil, a indústria paga acima de R$ 2 o litro de leite, mas em Quixeramobim estão pagando, em média, R$ 1,60 aos produtores”, diz José Maria Pimenta, engenheiro agrônomo e produtor rural. “O Ceará sempre foi um comprador de vacas leiteiras, mas agora está acontecendo o inverso. Produtores de outros estados estão vindo comprar vacas boas, porque os preços estão convidativos”.

Com isso, o gado cearense tem sido vendido para estados como Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Maranhão e Minas Gerais. De acordo com Manoel Belarmino, presidente da Câmara Setorial do Leite (CSL) da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), em alguns casos, o custo de produção chega a R$ 1,70 por litro, o que torna a atividade inviável.

“Por que ele vai produzir se vai ter de vender por R$ 1,50?”, diz. “O preço aos produtores não está acompanhando o aumento dos insumos. Por isso tem gente abandonando a atividade”.

Para Flávio Saboya, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), o preço pago aos produtores locais não é compatível com o de outros mercados.

“Grandes indústrias do Ceará compram leite em outros estados por um preço 50 centavos acima dos nossos. Isso vem desestimulando o nosso setor de leite”, diz. “Nós temos tudo para sermos um grande produtor de leite, mas precisamos de um preço razoável para o produto”. Porém, Saboya diz não ter conhecimento sobre a venda de gado para outros estados.

Reajuste

O presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado do Ceará, José Antunes, argumenta que, ao longo do último ano, “houve reajuste significativo, que chegou a 40%”.

Ele pontua que as indústrias também têm enfrentado dificuldades e que a problemática dos produtores está ligada ao fortalecimento das exportações de produtos como o milho, pressionando os preços internamente.

“As exportações de soja e milho dificultaram a alimentação do gado, então o produtor tem se questionado sobre isso, mas houve reajuste significativo que chegou a 40%”, frisa Antunes.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Ceará produz, em média, 1,9 milhão de litros de leite por dia, totalizando 705,6 milhões de litros por ano, o que representa um valor anual de produção em torno de R$ 945,7 milhões. O rebanho leiteiro do Ceará compreende pouco mais de 541,6 mil animais.

Repórter Ceará com informações do Diário do Nordeste (Imagem Ilustrativa)

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