Uma operação fiscal resgatou 17 trabalhadores em situação de trabalho análogo ao de escravo em Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Um deles tinha menos de 18 anos de idade, conforme o Ministério Público do Trabalho (MPT) no Ceará.
Os resgatados foram aliciados no município de Madalena, no interior do estado, para trabalhar na construção de casas. Eles estavam alojados em condições precárias em casa velha em um sítio. Todos eram mantidos em completa informalidade, segundo o MPT. Não foram repassados detalhes se houve alguma prisão ou responsabilização contra possíveis suspeitos.
Ao todo, foram lavrados 37 autos de infração por irregularidades trabalhistas. Em razão do risco grave à integridade física dos trabalhadores, a equipe de fiscalização interditou o alojamento, máquinas e o trabalho em altura.
A operação iniciou há duas semanas. Os 17 trabalhadores receberam cerca de R$ 181 mil em verbas rescisórias pelo tempo de serviço prestado e terão direito a três parcelas de Seguro-Desemprego Especial do Trabalhador Resgatado.
De volta ao município de Madalena, os trabalhadores serão encaminhados aos órgãos de assistência social, para atendimento prioritário. Concluída a fiscalização, o caso será enviado aos ministérios públicos do Trabalho, Federal (MPF) e Polícia Federal, para as providências cabíveis.
Além do MPT, participaram da operação auditores fiscais da Superintendência Regional do Trabalho e agentes de Polícia Federal.
Um trabalhador resgatado relatou nesta quarta-feira, 18, a precariedade em que vivia com colegas.
Segundo o trabalhador, que prefere não se identificar, eles se amontoavam em um ambiente com rato e lixo. Eles não tinham direito de beber água gelada, e a comida era feita em fogão a lenha.
“A casa ultimamente não estava tendo água gelada. Eles tinham retirado o congelador e tinham colocado um filtro que não dava para todo mundo beber água gelada. As instalações muito ruins, péssimas. O mínimo possível de tomada. A casa quando chovia tinha muito vazamento. Tinha muito rato, muito lixo. A comida era feita no fogão a lenha. Muita gente amontoada, o espaço era o mínimo possível”.
Apesar das condições precárias, ele conta que permanecia no local por necessidade.
“A dificuldade é muito grande. Nós temos família para criar e fomos acostumando a criar nossos filhos trabalhando. Necessidade fala maior do que qualquer outra coisa. Então nós não temos outra opção. Ou vem trabalhar ou passa necessidade. Para não roubar a gente submete um momento ruim com esse”.
Repórter Ceará com informações do G1-CE (Foto: MPT/Divulgação)