A comunicação é tornar comum, compartilhar, trocar opiniões, associar, conferenciar, enfim, um diálogo permanente entre pessoas e sempre foi referência à manutenção de todas as democracias do mundo.
Em qualquer tempo que governantes autoritários, corruptos e ilegítimos se achem de alguma forma importunados, o primeiro ato sempre é o de cercear os meios de comunicação e a liberdade de expressão da coletividade.
É bem verdade que o surgimento mais amplo da comunicação, como o das mídias sociais, teve um avanço significativo e deu mais pluralidade ao debate.
Por outra banda, trouxe também graves consequências, como por exemplo, a instalação das chamadas fakes news (notícias falsas).
As fakes news são capazes, através de suas forças, em desequilibrar qualquer disputa: seja no âmbito público ou privado. Em uma eleição a qualquer cargo e esfera de poder por esse viés e suas consequências são indeléveis à sociedade.
Nesse debate, muitas vezes inconsequente, já levou pessoas à depressão; suicídio; ao fim de relações conjugais, decepções e julgamentos precipitados.
Nas últimas eleições presidenciais, essa indústria de fakes news foi tão poderosa que, associada ao anti-petismo, elegeu Jair Bolsonaro à presidência da República. Inquéritos correm os corredores da Polícia Federal e lotam as prateleiras virtuais do Poder Judiciário.
As fakes news elegeram deputados, vereadores, prefeitos e demais brasileiros por serem supostos defensores virtuais de alguma causa. Igualmente, elegeu outros tantos que não tinham causa alguma; apenas gritavam, falavam mal, agrediam, e insultavam às nossas instituições pátrias.
Discursos sem qualquer conteúdo lógico.
O Brasil sempre foi pródigo na criação de heróis, salvadores da pátria e de santos sem fé.
No Estado de São Paulo, por último, movido por esse mesmo esquema de mídias sociais surgiu o famoso “Delegado da Cunha”; um policial valente, destemido, lutador de artes marciais e honesto a toda prova, que, inclusive, criou uma página na chamada internet para publicitar os seus vídeos, suas ações e prisões corajosas de marginais.
– Era mais um fake news travestido de agente público de segurança, ao vivo diariamente, para enganar a opinião pública desavisada.
Restou descoberto, no último final de semana, que o famoso Delegado da Cunha fazia uma verdadeira encenação de suas prisões, apreensões e diligências, com o único objetivo: ser candidato para algum cargo eletivo, em São Paulo, às eleições estaduais de 2022.
Tinha até mesmo um cinegrafista profissional contratado para gravar operações e massificar o seu nome como o homem que veio para por ordem na segurança pública e conduzir o retorno da paz ao cidadão paulistano.
Era tudo mentira.
O Delegado da Cunha pariu um Pinóquio; e nada mais que isso!
Fabrício Moreira da Costa – Advogado e contista