Home Terezinha Oliveira O rio e o reservatório na vida de uma cidade

O rio e o reservatório na vida de uma cidade

Dádiva da Divina Natureza, essa corrente fluvial que os Quixarás e Kanindés, primeiros habitantes destas plagas, chamavam de IBÚ, hoje é o agonizante Rio Quixeramobim. Ao refletirmos sobre este curso d’água surgem muitas faces: a geografia: explicando o Boqueirão; a história: registrando os primeiros vaqueiros; a ecologia: que diz sua riqueza de fauna e flora; enfim, a Vida que é alimentada por suas águas e peixes e alegrada com as brincadeiras aquáticas: saltar, nadar, dar “cangapés”, apostar corrida, pescar.

O homem recorreu à engenharia e interpôs uma represa no “Boqueirão”. Ao construir a ponte permitiu a estrada ir mais longe interligando outros caminhos, mas principalmente, oferecendo à população da Cidade o precioso líquido para a vida humana e também impulsionar as atividades produtivas. A Natureza alimenta o reservatório que permite a travessia pelas Canoas levando o povo ribeirinho e suas mercadorias.

A “BARRAGEM”, principal atração turística, é o Cartão Postal para onde se voltam nossas atenções no início da estação chuvosa – onde está a água? Já subiu quanto? Vai “sangrar” logo! E assim é o coração do quixeramobinense que transborda com a cheia e se queda extasiado na “varanda” da ponte, admirando como se fosse sua primeira visão do Rio correndo velozmente. Entretanto, nos últimos anos essa alegria foi frustrada pelos baixos índices pluviométricos, além de muitos represamentos no leito do Rio em seu trecho à montante, sem controle e beneficiando propriedades particulares.

Outro fato que agravou a garantia dessa fonte de abastecimento da Cidade é a redução da capacidade de armazenamento, pois é intenso assoreamento sem as devidas ações de dragagem do leito do Açude Engenheiro José Cândido de Castro de Paulo Pessoa, inaugurado em 1960 para ser a redenção hídrica do “Coração do Ceará”.

Nas noites sertanejas esse espelho d’água que reflete as luzes que nos guiam, reflete a eterna resistência do bravo morador do Sertão semiárido. A Barragem se tornou uma imagem do nosso afeto enquadrada com técnica e intuição artística em belas fotos. Mas o quadro climático e o ritmo hidrológico nos emitem preocupações quanto a sobrevivência dessa fonte e dos que dependem dela.

Foto: Consuelo Lima

Confira mais artigos na coluna de Terezinha Oliveira AQUI.

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