Quixadá, a Terra dos Monólitos, completa 151 anos de emancipação política nesta quarta-feira, 27, ainda ocupando o posto de cidade mais populosa do Sertão Central, com 88.899 habitantes, de acordo com a última estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com o segundo maior PIB per capita do Sertão Central, a cidade se desenvolveu bastante ao longo dos anos, atraindo o olhar de investidores e empresas de todo o País. Hoje, o município é o Polo Universitário da região, recebendo estudantes de várias partes do Ceará e do Brasil que buscam ingressar nas instituições de ensino superior, tanto da rede pública (estadual e federal) como privada.
Terra dos Monólitos
O município de área de 2.020,586 km² é conhecido internacionalmente pelos seus inselbergs ou, popularmente, monólitos. As formações rochosas são de origem plutônica e se desenvolveram há 600 milhões de anos. Elas estão presentes até mesmo no centro da cidade.
“Em 2004, foram tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), como patrimônio nacional, porque compõem uma paisagem de extraordinária beleza no cenário natural do país. E em 2010, a cidade se tornou o mais novo membro da Associação Internacional das Montanhas Famosas (World Famous Mountains Association – WFMA) que tem como objetivos fortalecer e aprofundar a comunicação, intercâmbio e cooperação entre montanhas famosas do mundo, promover o turismo e proteção ambiental entre os cinco continentes”, destaca o projeto ‘Os Monólitos de Quixadá e os Impactos do Título Internacional de Montanhas Famosas da World Famous Mountains Association –WFMA’, de Francisca Fábricia Teodoro Costa, tecnóloga em Turismo pelo IFCE de Quixadá.
- Foto: Jândreson Gomes
O monólito mais famoso do município é a Pedra da Galinha Choca. Em integração com o açude Cedro, o primeiro reservatório público do Brasil, a imagem compõe o principal cartão postal da cidade, sendo a principal referência de imagem nas pesquisas da web.
Jáder e Rachel
Quixadá também é referenciada como berço de dois grandes escritores brasileiros, Jáder de Carvalho e Rachel de Queiroz. Ambas as figuras possuem extrema importância para a história da literatura cearense e brasileira.
- Foto: Divulgação/Best Homenagens
Jáder nasceu no Distrito que hoje que se chama Dom Maurício, em 1901. Além de escritor, também foi advogado, jornalista e professor. Pertenceu à Academia Cearense de Letras, onde ocupou a cadeira nº 14, à Sociedade Brasileira de Sociologia e ao Instituto do Nordeste. Em 1974, com a morte de Cruz Filho, foi eleito Príncipe dos Poetas Cearenses, prêmio concedido ao melhor dentre os poetas vivos do Estado.
Seu falecimento aconteceu aos 83 anos de vida.
- Foto: Divulgação/Quixadá Turismo e História
Rachel, por sua vez, nasceu em Fortaleza, mas veio junto com a família, aos 45 dias de vida, para a Fazenda Junco, em Quixadá. Foi jornalista, tradutora e teatróloga e a primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras e a primeira mulher a receber o Prêmio Camões. Se eternizou, entre suas obras, pelo seu primeiro romance “O Quinze”, que narra o êxodo de trabalhadores da região de Logradouros e de Quixadá para Fortaleza, onde esperavam encontrar meios para sobreviver. O livro ganhou o prêmio da Fundação Graça Aranha e recebeu elogios de Mário de Andrade e de Augusto Schmidt.
Sua morte foi aos 92 anos.
Voo livre
O Santuário Nossa Senhora Imaculada Rainha do Sertão, localizado no município, a uma altitude de 550 metros, tornou-se ponto de peregrinação de profissionais e admiradores do voo livre. Antônio Almeida, empresário do ramo hoteleiro, fez o primeiro voo de asa delta na cidade da Serra do Urucum, em março de 1992.
- Foto: Arquivo pessoal
A mesma estrada que tinha o objetivo de levar pessoas até ao Santuário, também seria o destino para a rampa de voo livre de Quixadá, e que se tornaria um dos quatro principais pontos para a prática no mundo.
O piloto Cillfarney Almeida, o “Passarinho”, que também foi um dos primeiros a voar na rampa, há 29 anos, conta que Quixadá é “o Havaí do voo livre. Todo piloto de parapente sonha um dia voar” na cidade.
Depoimento
O bispo emérito de Quixadá, dom Adélio Tomasin, felicitou a cidade pelos 151 anos de emancipação política, pedindo a “Deus que olhe para” o município “com bondade e amor” e também que os quixadaenses não esmoreçam e se abram “para a solidariedade”.
“Neste dia tão especial, eu peço a Deus que olhe para Quixadá com bondade e amor, pensando na situação mundial que estamos atravessando. Que Deus preserve Quixadá […] Mas, se peço a Deus a sua benção, peço ao quixadaense para não esmorecer e não se deixar levar, tampouco, pelo egoísmo, e se abrir para a solidariedade neste momento”, disse o sacerdote.
Repórter Ceará (Foto: Jândreson Gomes)