Home Terezinha Oliveira Craques da bola e do bem: o prêmio Sócrates

Craques da bola e do bem: o prêmio Sócrates

A bola está rolando nos gramados do Catar em mais uma competição de futebol envolvendo jogadores nascidos em vários continentes. As seleções apresentam atletas por sua nacionalidade, mas o poder econômico dos times europeus e asiáticos os reúne em organizações futebolísticas distantes de suas origens. Dos 26 convocados para representar o Brasil, apenas 3 jogam em nosso país. Pertencem a times da Região Sudeste. Mas o tema desse texto não é a Copa do Mundo. O foco é uma premiação especial que faz justiça a um ídolo bem nosso que brilhou dentro e fora dos estádios.

Ao findar as temporadas desportivas as entidades fazem as escolhas e premiam os destaques em diversas modalidades e categorias. Assim como a Confederação Brasileira de Futebol/CBF nomeia seus/suas “Bolas de Ouro”, a Federação Internacional de Futebol Associado – a poderosa FIFA -,  elenca os/as melhores e outorga seus prêmios. Na edição deste 2022 foi incluído o Prêmio Sócrates, criado pela revista “France Football”, para ser concedido a futebolistas que realizam ações solidárias e projetos sociais.

Ao batizar essa premiação com o nome do líder da “democracia corintiana”, se faz justiça ao combativo ativista político que nos anos 80 participou intensamente da Campanha das “Diretas Já”, além de reivindicar espaço de participação dos atletas nas decisões dos clubes, sempre visando o bem estar do coletivo. Sua voz esteve na discussão dos principais temas correntes no cenário do País. O capitão da Seleção Brasileira de 1982, media 1,92m de altura, mas sua grandeza eram os ideais sonhados para o País e a força em defendê-los. O extenso nome incluía sua origem: SÓCRATES BRASILEIRO Sampaio de Souza Vieira de Oliveira. Um “meio de campo” habilidoso era especialista em jogadas com o calcanhar e fazer gols de cabeça, sendo admirado por torcedores de times adversários.

O irmão caçula do “Magrão”, o também craque Raí, entregou o 1º Prêmio Sócrates ao jogador senegalês Sadio Mané, do Bayern de Munique, escolhido por seu comprometimento com projetos sociais, realizando muitas ações solidárias como a construção de escolas e hospitais na sua aldeia de origem. “Às vezes é muito difícil, mas eu faço o que posso pelo meu povo, para melhorar as coisas”, disse o premiado. O bem estar de seus conterrâneos é prioridade para esse coração que reflete o sentimento de pertencimento àquela comunidade onde quer atenuar as difíceis condições de sobrevivência, fazendo com que sua gente possa usufruir dos resultados que Mané alcançou com o futebol. O sofrido povo africano guarda forte sentido de irmandade; bem diferente do individualismo da maioria dos famosos.

O “Doutor” Sócrates deve ter ficado feliz com outro episódio recente que comprovou sua influência – a torcida corintiana esvaziou um bloqueio dos caminhoneiros bolsonaristas, enquanto a Polícia Rodoviária Federal se omitia de exercer sua função. Assim a “FIEL” relembrou os princípios da “democracia corintiana”.

Foto: Franck Fife/AFP

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