Home Terezinha Oliveira As ‘camisas 10’ do futebol arte

As ‘camisas 10’ do futebol arte

O presente artigo pode parecer deslocado da temática desta coluna: Cultura, História e Cidade. Mas não é bem assim. O teor se refere ao futebol, uma das principais diversões do brasileiro e que se tornou um traço cultural tão representativo quanto o samba e o carnaval. O futebol chegou a São Paulo em 1894, vindo da Inglaterra através de Charles Muller, envolveu os brasileiros das várias classes sociais e se espalhou por todas as regiões, nas áreas urbanas e rurais. A garotada e os adultos criaram estilos próprios, descobriram que esse lazer poderia ser profissão e o Brasil se tornou “o país do futebol com samba na veia”, e assim diz a canção composta por Milton Nascimento e Fernando Brant:

Aqui É o País do Futebol

Brasil está vazio na tarde de domingo, né?
Olha o sambão, aqui é o país do futebol

No fundo desse país / Ao longo das avenidas
Nos campos de terra e grama / Brasil só é futebol
Nesses noventa minutos / De emoção e alegria
Esqueço a casa e o trabalho / A vida fica lá fora…”

No Brasil, o futebol foi “temperado” com o “molejo, traço atávico dos afrodescendentes e ficou famosa a ginga do Mané Garrincha, os dribles do Pelé, a folha seca do Didi, além dos gols de “bicicletas” de muitos outros. Não é equivocado dizer que em alguns jogos assistimos um “baile” de certos atletas. É do genial Nelson Rodrigues a sentença: “Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola”, pois o interessante é observar como se desenrola o esquema tático do conjunto. Alfredo Di Stefano, ídolo da Argentina e Espanha afirmava: “Nenhum jogador é tão bom como todos juntos”. Porém, o ponto máximo é quando a pelota adentra às redes e a galera solta o grito de gol. E quem mais faz balançar as redes são aqueles da linha de frente. São os atacantes que completam as jogadas para o gol e assim ganham destaque entre os demais. Entretanto, não se pode negar que, aparentemente, a bola procura aqueles que têm a visão apurada quanto ao caminho para ultrapassar os defensores rivais.

O futebol no Brasil continua praticado como recreação por amadores. Pentacampeão mundial, o futebol profissional lota estádios onde torcedores assistem aos jogos do time de sua paixão. Mas o vírus da globalização contaminou o chamado mercado da bola. Não há mais a identificação com o clube e vai se perdendo a criatividade e malícia do jogador brasileiro. A Seleção Nacional reúne atletas que em sua maioria atuam em outros continentes. O futebol profissional promove a inclusão social de alguns, mas muitos perdem a ligação com suas origens e ao invés de “donos da bola”, protagonizam modismos fúteis.

No Panteão do futebol brasileiro estão heróis que deixaram exemplos de belas jogadas, profissionalismo, simplicidade e amor à camisa. Dois destes astros nos deixaram recentemente e suas histórias registram ponto comum: a identificação com os clubes que os receberam como infantojuvenis e onde se tornaram mestres do “Futebol Arte”.

Eles serão eternamente: Pelé, o Camisa 10 do Santos; e Roberto Dinamite, o Camisa 10 do Vasco da Gama.

Confira mais artigos na coluna de Terezinha Oliveira AQUI.

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