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Sarto divide novamente o PDT e exonera aliados de RC

Dividir para conquistar. Cerca de 2.030 anos depois, o prefeito Sarto tenta dar um novo sentido à estratégia de guerra do general romano Júlio César, ao provocar mais um “cisma” no PDT, dessa vez para a disputa à Prefeitura de Fortaleza, quando começa a “derrubar” aliados do ex-prefeito Roberto Cláudio, até então um pré-candidato mais forte ao Paço Municipal do que o próprio prefeito de plantão.

Apesar de não ter participado da batalha do primeiro cisma pedetista, há pouco mais de oito meses, quando parte do PDT acompanhou a candidatura Elmano, do PT, em detrimento à própria candidatura do partido, diante de uma reação pela não escolha da então governadora Izolda Cela para uma reeleição, Sarto foi o pivô do rompimento, justamente pela sua ausência, assim como mostrou o artigo “O general no front”, desta mesma autoria. O detentor do cargo de prefeito de Fortaleza, independente de quem quer que seja, teria a obrigação de conduzir o processo entre os pré-candidatos, com a liderança que o próprio cargo carrega. Sim, com direito a ter preferência.

Com a ausência de Sarto, assim como mais uma vez mostrou o artigo “O general no front”, Ciro Gomes teve que assumir o papel. O “general” Ciro acabou vulnerável e teve a sua liderança questionada no front que não lhe cabia. E o resultado todos acompanhamos, inclusive no pífio resultado do PDT nas urnas do ano passado, tanto ao Palácio da Abolição quanto ao Palácio do Planalto.

Ao exonerar o então titular da Sepog, Marcelo Pinheiro, da cota de Roberto Cláudio, substituído por João Marcos Maia, da cota de Mauro Filho/Ciro Gomes, Sarto mostra que “pegou corda” para tentar viabilizar uma candidatura à reeleição, sem atentar que o time que fracassou na última temporada é o mesmo a entrar em campo, enfraquecido agora com a ausência do atacante Roberto Cláudio.

Um a um, os aliados de RC vão deixando a gestão Sarto, por força da caneta. O ex-deputado estadual Barroso, por exemplo, teria se negado a conduzir a pré-candidatura Sarto. Exonerado, antes mesmo de passar pela porta, na saída da reunião. Igualmente leais a RC, Valternilo Costa e Isabella Faheina. Já Natália Rios… bem, cada qual é cada qual.

Ao tentar se livrar de RC, Sarto se volta agora para um poderoso e cruel adversário: o tempo. O prefeito de Fortaleza não possui uma marca de gestão, mesmo com mais de dois anos à frente do Paço Municipal. As trapalhadas são decorrentes, principalmente na Saúde, mesmo Sarto tendo a Medicina como formação. O fechamento abrupto do Gonzaguinha da Messejana, o então maior hospital de atendimento à mulher, sem laudo técnico e sem estudo de impacto, impõe todos os dias às gestantes da Grande Messejana um deslocamento desumano no transporte público de Fortaleza, em viagens de até 25 quilômetros, sem climatização nos ônibus e com passagem mais cara, o maior índice de aumento na tarifa do País. Outros atropelos são o encerramento no atendimento de emergência em unidades de saúde e a falta de medicamentos nos postos e nos Centros de Referência da Assistência Social.

Sarto acredita que poderá resgatar uma imagem que nunca teve, quando da entrega do novo Gonzaguinha da Messejana, em ano eleitoral. Não percebe que poderá não contar com os recursos necessários, diante dos entraves em Brasília, após não poder contar mais com os senadores Cid Gomes (PDT) e Augusta Brito (PT), além de ser um prefeito crítico do presidente Lula. O mesmo desprestígio recai sobre os deputados federais ciristas, a exemplo de Mauro Filho, que ficou no “vácuo” quando tentou aproximação de Lula e do ministro Fernando Haddad.

Mas Sarto quer ir à luta pela reeleição, sem carisma, sem marca positiva de gestão, sem ao menos uma comunicação. Sarto não consegue ter empatia e as marcas da gestão são “descaso para com a saúde”, a “taxa do lixo” e o “exorbitante aumento de 15.5% no preço da passagem do ônibus”. Já a comunicação… é o resultado de tudo isso.

Com o pensamento do ainda presidente da Assembleia Legislativa, quando ao lado da mesma equipe detinha o poder absoluto sem a necessidade de ser questionado, Sarto acredita que poderá chegar ao segundo turno pela força do cargo e, assim, melhorar as possibilidades de vencer o candidato apoiado por Elmano/Camilo/Lula.

E aqui, mais uma vez, cabe a Sarto a lição do general Júlio César: “Era preferível ser o primeiro numa aldeia a ser o segundo em Roma”.

Luiz Cláudio Ferreira Barbosa
Sociólogo e diretor-executivo da Consultoria LCFB

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