Home Terezinha Oliveira “Sanfonas sentidas” choram por seus artistas

“Sanfonas sentidas” choram por seus artistas

O Sertão emudeceu com a triste partida de dois amigos, artistas moradores da cidade de Quixeramobim que divulgavam o rico repertório de canções que expressam as nossas belezas, os costumes e os sentimentos do povo nordestino. A noite de 15 de abril de 2023 foi marcada pela partida do querido Luiz Gonzaga dos Santos – o Nonô Sanfoneiro. Dois dias depois, em 17 de abril do corrente ano, fomos surpreendidos pelo falecimento de outro grande sanfoneiro – o estimado Geraldo Ferreira, quando este se preparava para ir participar de uma homenagem ao colega Nonô.

Nascido em 22 de julho de 1953 na localidade de São José da Macaoca, no então Distrito de Madalena que fazia parte do município de Quixeramobim, o garoto recebe o nome de Luiz Gonzaga dos Santos. Ao aflorar o talento musical o jovem Luiz da Macaoca segue o Luiz de Exu no domínio do acordeom e dos ritmos forrozeiros. No ano de 1981, Nonô vem morar na cidade de Quixeramobim; aqui organiza o grupo “Nonô e Seus Caçulas”, com o qual se apresenta por muitas regiões de Ceará. Em uma dessas excursões, na cidade de Baturité, Luiz Gonzaga dos Santos encontra com o Rei do Baião.

O grupo “Nonô e Seus Caçulas” finda e Nonô passa a se apresentar com o típico regional: sanfona, zabumba e triângulo. Surge o Programa radiofônico “Crepúsculo Sertanejo”, comandado por Nonô na Difusora Cristal AM 1450, sempre no final das tardes (16h às 18h). O programa acontece por 14 anos, ampliando a popularidade do Luiz Gonzaga dos Santos. Eram duas horas de muitos ritmos nordestinos, especialmente as composições do repertório do Rei do Baião, interpretadas pelo sanfoneiro apresentador. Quase sempre havia a participação de convidados da cidade e outras localidades. 

Há uma localidade no lado sudeste de Quixeramobim, cujo nome se refere à uma riqueza do seu subsolo. Trata-se da Berilândia – onde o berilo e outros minérios atraíram exploradores de fora. Mas outro valor desse lugar é a veia artística de muitos dos filhos desta comunidade e o respeito à cultura forrozeira de raiz.

No último dia 17 de abril todos foram surpreendidos com a notícia da morte do grande acordeonista Geraldo Ferreira, filho querido da Berilândia. Apesar das limitações para ter acesso aos conhecimentos sobre músicas foi aos poucos formando seu repertório, junto com primo Tenilson, outro mestre da sanfona. Foi o convite para trabalhar com o grupo do João Bandeira a sua grande oportunidade para se afirmar no meio artístico cearense. Integrou o “Forró Maior”,  “Banda Auê”, “Xique – Xique” e vários outros. De volta à sua terra natal continuou com sua arte e animava muitas festas nas localidades e na cidade, como no Espaço Gonzagão. Ao se preparar para uma homenagem ao colega Nonô que aconteceria na Rádio Difusora Cristal, Geraldo Ferreira sofreu um mal-estar que resultou em seu óbito. Aos amigos que o esperavam no estúdio da emissora pioneira do Sertão Central, restou a tristeza e a saudade por mais uma despedida.

Sigam em paz e na luz do nosso Criador queridos LUIZ GONZAGA dos SANTOS e GERALDO FERREIRA.

Terezinha Oliveira

Deixe seu comentário:

Please enter your comment!
Please enter your name here