Não é novidade a pressão que o governo Lula vem sofrendo com as dificuldades de articular cargos em órgãos públicos, como Ibama e Funai, principalmente por parte dos líderes do Centrão. Outras reclamações desse mesmo grupo dizem respeito aos deputados e senadores não estarem sendo convidados pelos ministros para acompanharem suas agendas nos respectivos estados.
Diante disso, a figura de José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara dos Deputados em seu 5º mandato, tem sido de grande importância para mediar conflitos no Congresso, tendo mostrado sua habilidade em facilitar trâmites e estreitar laços, agregando todas as lideranças para além da base política, incluindo aí o próprio Arthur Lira (PP-AL).
As informações que chegam é que Lira quer colocar Guimarães, um dos nomes mais importantes do governo Lula hoje, no lugar de Alexandre Padilha, atual ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) da Presidência da República. Isso só confirma a competência de Guimarães nessas articulações, já que também foi indicado várias vezes como um dos parlamentares mais influentes do Congresso Nacional.
“Eu prefiro a derrota do que a rendição”, disse Guimarães durante seu discurso na votação do Marco Legal do Saneamento Básico. Esse é o perfil político dele, que, quando assumiu como deputado estadual em 2000, ocupou de imediato a liderança da bancada do PT na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece). E a história se repete também hoje a nível nacional.
Sem falar da ponte importantíssima que ele acaba fazendo com o Ceará para as eleições que se aproximam, pois, como bem sabemos, por aqui houve o rompimento da aliança do PT com o PDT, enquanto que, a nível nacional, os pedetistas integram a base do governo Lula. De acordo com Guimarães, o Congresso atual não é mais o mesmo de 2003 nem de 2022. Estamos vivendo uma nova realidade ideológica, onde apenas 138 dos 513 parlamentares eleitos são da base do governo petista.
Recentemente, em entrevista para o podcast cearense As Cunhãs, Guimarães confirmou sua intenção de candidatura para o Senado em 2026, mesmo ainda demonstrando uma grande vontade em ser governador do Ceará, estado que deu quase 190 mil votos para o deputado no seu último pleito. Para Guimarães, é possível governar com divergências, demarcações e perdas, mas sem nunca mudar de lado. Veremos.
(Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)
