O Brasil está enfrentando uma nova realidade no mercado de trigo. Segundo a StoneX, as importações brasileiras de trigo devem chegar a 7,05 milhões de toneladas na temporada 2023/24. Isso representa um aumento de 10,7% em relação às previsões de dezembro e um salto de 56,2% comparado ao ciclo anterior. A Argentina continua sendo a principal fonte de trigo importado pelo Brasil.
A produção nacional de trigo, que já foi totalmente colhida, foi calculada em 8,25 milhões de toneladas pela StoneX. Esse número é ligeiramente inferior à projeção de dezembro, devido principalmente ao excesso de chuvas no Rio Grande do Sul. Comparado ao ano de 2022/23, há uma redução de 26% na produção.
A StoneX também ajustou suas previsões para a moagem de trigo no Brasil. Agora, estima-se que a moagem atingirá 12,3 milhões de toneladas, uma redução de 1,3% em relação ao ciclo anterior. Um detalhe importante é o aumento na colheita de trigo de baixa qualidade, que leva à estimativa de que 1,06 milhão de toneladas serão usadas na produção de ração.
Produção de trigo ainda é desafio para o Brasil
O Brasil, apesar de ser um dos principais produtores de alimentos do mundo, enfrenta desafios para se tornar autossuficiente na produção de trigo. As condições climáticas brasileiras, majoritariamente tropicais, não são as mais favoráveis para o cultivo do trigo, que se desenvolve melhor em climas temperados. Isso impacta diretamente na produtividade e qualidade do grão produzido no país. Mesmo com potencial para expandir as áreas de cultivo, especialmente no Cerrado, a limitação das terras adequadas, devido às características do solo, e a falta de acesso a tecnologias avançadas e práticas eficientes de manejo representam barreiras significativas.
Outro fator que complica a situação é a competitividade do trigo importado. Muitas vezes, o grão chega ao Brasil com preços mais baixos e qualidade superior, beneficiado por subsídios e larga escala de produção em outros países. Essa realidade impõe dificuldades para os produtores brasileiros competirem no mercado interno, desestimulando o aumento da produção local.
A Embrapa, contudo, projeta que o Brasil poderá alcançar a autossuficiência na produção de trigo em uma década. Essa previsão se baseia na expansão do cultivo nas áreas do Cerrado, que oferece condições promissoras para aumentar a área produtiva e a eficiência no cultivo do trigo. Para que esse objetivo se concretize, é fundamental o avanço na tecnologia de cultivo e nas técnicas de manejo.
Atingir a autossuficiência em trigo no Brasil depende de vários fatores, incluindo investimentos, políticas públicas adequadas, condições climáticas favoráveis, demanda interna e outros elementos que influenciam a produção e o consumo de trigo no país.
Repórter Ceará – Economic News Brasil