Enquanto o presidente Lula enaltece a educação do Ceará como referência nacional, os profissionais da educação do estado amargam a falta de valorização e de diálogo com o governo estadual. A greve geral em curso, com protestos censurados pela equipe do presidente, na última sexta-feira, é um sintoma preocupante da incoerência entre o discurso e a prática do governo, embora progressista.
É inegável que o Ceará alcançou avanços significativos na educação nos últimos anos, apresentando índice de 77,6%, o Nordeste de 67,8% e o Brasil de 71,7% em relação à escolarização das crianças pretas ou pardas, de acordo com o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), por exemplo.
No entanto, esses resultados não se sustentam sem a valorização justa dos servidores que dedicam seu trabalho à formação de cidadãos. A greve é uma resposta por melhores salários, condições de trabalho dignas e respeito profissional. Ao invés de negar o diálogo, o governo precisa reconhecer as demandas legítimas da categoria e buscar soluções conjuntas. A qualidade do serviço público e gratuito de educação depende diretamente do investimento em seus profissionais.
O Ceará não pode perder o que conquistou. É fundamental que o governo seja coerente com seus princípios e demonstre compromisso com a educação pública. Valorizar os profissionais da educação é a única forma de garantir que o estado continue sendo referência nacional em qualidade de ensino. É preciso intensificar o reconhecimento e o investimento na educação. O futuro do Ceará depende disso.