Lúcido e de cadeira de rodas, aos 94 anos, Pedro Simon recebeu em casa seus colegas ex-governadores do Rio Grande do Sul.
O mais velho, Alceu Collares, 96 anos, da mesma forma bem lúcido, foi o primeiro a chegar. E de cadeira de rodas, também.
Jair Soares, outro veteraníssimo, 90 anos, com a elegância de sempre, chegou pouco depois. E se juntou com os cadeirantes.
A cada vez que a porta da residência era aberta, mais uma figura pública chegava para ser efusivamente recebida.
José Ivo Sartori, 76 anos; Germano Rigotto, 74; Yeda Crusius, 79; Olívio Dutra, 82 anos; Tarso Genro, 77 anos; fecharam o grupo.
Única mulher entre os do topo, Yeda levou empoderamento, firmeza e charme, marcas de sua trajetória reta pela vida pública.
Essas pessoas, ativas ou aposentadas, têm pensamentos e ideologias completamente diferentes, mas cada uma delas contribuiu para tocar a gestão do Rio Grande.
Nada foi fácil. Todos em seu tempo foram desafiados a enfrentar as dificuldades que deles exigiu muito. Na foto tem até quem foi gestor durante a ditatura militar.
Outro ponto para a história é que eles se digladiaram politicamente. Enquanto uns governavam os outros estavam militando na oposição. E têm histórias a contar.
Nenhuma envolve calúnia, difamações ou injúria. Sempre se respeitaram, mantendo pacificadas, discordância e urbanidade.
E uma cordialidade perene.
Foi o que aconteceu no almoço. O papo à mesa marcado pelos resgates e risadas, causos, conversas longas, memoráveis.
E um sem fim de bem vindas ironias. “As ideias brigam, as pessoas não” disse Pedro Simon ao receber aqueles que como ele ocuparam o poder com ônus e bônus.
A foto clássica uniu o PT e o PSDB, PDT, PP, PMDB, PSD, Republicanos e Cidadania.
Uma aula magna histórica de civilidade.
Cláudio Teran
Jornalista