Home Terezinha Oliveira 80 anos de talento: um cidadão de várias artes

80 anos de talento: um cidadão de várias artes

A singularidade e grandeza do brasileiro Chico Buarque me encantaram desde meus 15 anos e guardo com zelo e carinho suas gravações em vinil desde que a Banda passou

Foto: Divulgação

O ano era 1966 e surgia um novo astro na Música Popular Brasileira. Ele venceu o Festival de Música Popular Brasileira da TV Record e lança seu disco. Fez “A Banda” passar seguida por “Pedro Pedreiro”, que cantarolava “Olé, Olá” para “A Rita”, ‘que levou seu sorriso’ além “de um disco de Noel”. A “Madalena Foi Pro Mar” e largou o “Moreno dos Olhos D’ Água”. E esse artista avisou que do “samba não largo não” porque “tem mais samba no encontro que na espera […] tem mais samba o perdão que a despedia”.

Assim foi apresentado ao Brasil o jovem estudante de arquitetura, nascido em 19 de junho de 1944, filho de Dª Mª Amélia e do Prof. Sérgio Buarque de Holanda. Francisco Buarque de Holanda logo foi comparado a Noel Rosa e não parou mais de compor, além de enveredar pela autoria de peças teatrais. Chico é autor de: Roda Viva (1967), Calabar – O Elogio da Traição (1972), Gota d’Água (1975), Ópera do Malandro (1978) e O Grande Circo Místico (1982). Os três primeiros espetáculos sofreram censura e em algumas apresentações o elenco sofreu agressões e destruição de cenários.

No que se refere ao cancioneiro também havia forte censura quando as letras incomodavam aos Chefes Militares. Aparece então o Julinho da Adelaide – pseudônimo adotado por Chico para apresentar suas letras como a irreverente “Jorge Maravilha”.

“E como já dizia Jorge Maravilha
Prenhe de razão
Mais vale uma filha na mão
Do que dois pais voando
Você não gosta de mim
Mas sua filha gosta.”

Em suas letras Chico discorre sobre o cotidiano, profissões, sentimentos, em especial o Amor. As mulheres são muito presentes em suas criações. ELE cantou “As Mulheres de Atenas”, a “Ana de Amsterdã”, “A Rita”, “Madalena”, “Carolina”, “Januária”, “Cristina” e “Terezinha”, entre outras.

Uma dessas canções traz forte emoção ao denunciar um assassinato e expor o calvário de uma Mãe. Essa Mãe é Zuzu Angel, cujo filho: Stuart Edgar Angel Jones desapareceu no dia 14 de maio de 1971, após ser seqüestrado por agentes da repressão.

“ANGÉLICA”

”Quem é essa Mulher que canta sempre esse estribilho?
Só queria encontrar meu filho que mora na escuridão do mar
Quem é essa mulher que canta sempre esse lamento?
Só queria lembrar o tormento que fez meu filho suspirar
Quem é essa Mulher que canta sempre o mesmo arranjo
Só queria agasalhar meu anjo e deixar seu corpo descansar.”

Na obra literária de Chico Buarque constam: Benjamim -(1995), Budapeste (2003), Leite Derramado (2009), O Irmão Alemão (2014), Essa Gente (2019), Anos de Chumbo e Outros Contos (2021) e Bambino a Roma (2024).

Um traço forte na personalidade de Francisco Buarque de Hollanda é a sua visão e comprometimento com a liberdade de expressão, respeito aos direitos humanos e à liberdade de credos. Suas obras literárias, teatrais e canções atestam a firmeza de suas convicções. Seu talento ganhou o reconhecimento internacional. No âmbito literário ele foi agraciado com o Prêmio Camões.

A singularidade e grandeza do brasileiro Chico Buarque me encantaram desde meus 15 anos e guardo com zelo e carinho suas gravações em vinil desde que a Banda passou. Confesso que me agradou ouvir uma canção com o meu nome e também quando ele citou nossa terrinha em uma de suas Letras:

“ATÉ O FIM”
“Eu bem que tenho ensaiado um progresso
Mamãe contou que eu faço um bruto sucesso
Em QUIXERAMOBIM.”

Receba os parabéns por seus 80 anos de poesia, cidadania e futebol no Politheama; me tornei torcedora do Fluminense por influência dele.

Foto: Reprodução

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