Em 2008, “Quem quer ser um milionário?” ganhou óscar de melhor filme por abordar temas como a exploração social, a influência da televisão na vida das pessoas e a força da mídia. Nas eleições de 2024, qualquer semelhança é mera coincidência. O título só mudaria para “Quem permanece milionário?”, já que esse histórico crescimento patrimonial de prefeitos e vereadores no Ceará tem sido replicado em várias outras regiões do país.
De acordo com dados do Diário do Nordeste e do O Povo, candidatos à Prefeitura de Fortaleza, por exemplo, apresentaram declarações de patrimônio que chegam a R$ 48 milhões. Um verdadeiro abismo entre as realidades financeiras de diferentes gestores e da população. Entre os postulantes, o senador Eduardo Girão (Novo) declarou R$ 48.177.784,31. Já Evandro Leitão (PT), deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa, declarou R$ 1.662.352,84.
O atual prefeito, José Sarto (PDT), também médico, registrou ao TSE um patrimônio de R$ 1.105.519,31. Enquanto Capitão Wagner (União Brasil), que já foi vereador, deputado estadual e deputado federal, declarou um patrimônio de R$ 1.014.323,79.
Fora da capital, candidatos como João Barroso (PSDB), que concorre à Prefeitura de Itapipoca, e Roberto Pessoa (União Brasil), postulante à reeleição em Maracanaú, lideram o ranking de bens declarados.
João Barroso registrou impressionantes R$ 63 milhões. Comparando com o patrimônio declarado em 2020, que era de R$ 25,9 milhões, o crescimento foi de 143,57%. Roberto Pessoa, líder do grupo político que governa Maracanaú desde 2005, declarou R$ 13,82 milhões. Lucrativo esse negócio de gestão pública, não é?
Esse cenário, onde gestores públicos conseguem multiplicar seus patrimônios de maneira tão expressiva levanta dúvidas sobre a origem dos recursos e o possível uso de esquemas para enriquecimento ilícito. Muitos desses políticos justificam seu crescimento patrimonial com atividades empresariais paralelas.
A falta de fiscalização e a cultura de pouca transparência na política favorecem o ciclo de enriquecimento pessoal às custas do dinheiro público, prejudicando o desenvolvimento de regiões que mais precisam de investimentos. Até quando?