O aumento da temperatura pode ameaçar a preservação do patrimônio cultural a longo prazo. É isso que um estudo desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Experiência Digital do Instituto de Arquitetura, Urbanismo e Design da UFC, em parceria com o Laboratório de Reabilitação e Durabilidade das Construções (LAREB), do Campus da UFC em Russas, concluiu. As informações são da Agência UFC.
O local escolhido para o estudo, nesta primeira etapa, foi o centro histórico de Aracati, no Litoral Leste do Ceará. Na cidade, foram analisados os efeitos do aquecimento global sobre a Igreja do Nosso Senhor do Bonfim, tomada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2001.
Os pesquisadores concluíram que a ilha de calor verificada no local resulta em um estresse térmico nas edificações, o que acelera o desgaste estrutural. O estudo foi publicado na Energy & Buildings, um dos periódicos de comunicação científica mais prestigiados do mundo na área.
Conforme o estudo, com estimativas de elevação da faixa de temperatura na cidade para acima dos 41 graus, entre os anos de 2050 e 2100, os cientistas projetam uma elevação de 400% nas movimentações térmicas na alvenaria na Igreja do Nosso Senhor do Bonfim, em comparação aos níveis atuais. Essas mudanças deverão provocar o aumento de fissuras nesta e em outras construções do município.
De acordo com o coordenador do estudo, professor Esequiel Mesquita, os danos apontados são irreversíveis e previsto não apenas para o município cearense. Isso se deve ao fato de que construções de alvenaria são mais vulneráveis às mudanças climáticas, assim, outros sítios históricos similares do Brasil podem sofrer as consequências do aumento de temperatura.
Os dados da pesquisa demonstraram que a elevação da temperatura vai provocar uma degradação generalizada nas construções históricas brasileiras, e isso vai requerer mais esforços para manutenção, com elevação de custos e necessidade de reparos cada vez mais frequentes.
O projeto realizará estudos em outros centros históricos dos municípios Viçosa do Ceará, na Ibipaba, e Sobral, na Região Norte do Ceará, além de Recife (PE), Ouro Preto (MG) e Rio de Janeiro (RJ).
