Criticada pelo então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a campanha de 2022, a imposição de sigilo de 100 anos a informações consideradas pessoais, prática adotada durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), se manteve no terceiro mandato do petista.
Desde a troca de governo, há dois anos, a Controladoria-Geral da União (CGU) chegou a editar normas internas para restringir o sigilo centenário sobre “informações que abordem a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem de cidadãos”.
A pasta também anunciou, em setembro de 2024, que o governo enviaria ao Congresso um projeto de lei para acabar com esse prazo, previsto no artigo 31 na Lei de Acesso à Informação (LAI).
Porém, o projeto ainda não foi finalizado. Segundo a CGU, a proposta está em fase final de elaboração, após consulta à sociedade civil, e deve ser encaminhada para análise de deputados e senadores neste primeiro semestre de 2025.
Um levantamento do jornal “O Globo”, com base em dados da própria CGU, mostra que órgãos do governo Lula mantiveram um patamar similar ao de Bolsonaro ao negar informações solicitadas via LAI com a justificativa de que se tratavam de dados pessoais — o que permite impor o sigilo de 100 anos.
A CGU publicou no final de setembro do ano passado uma portaria que restringe a aplicação do sigilo de 100 anos. A pasta determinou que os órgãos do governo, ao analisarem um pedido de informação considerada pessoal, não podem aplicar de forma automática o prazo centenário. Desde setembro, a norma em vigor determina que o prazo presumido seja de 15 anos.
Em 2023, reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” mostrou que o governo Lula impôs sigilos de 100 anos a informações que foram desde a agenda da primeira-dama, Janja da Silva, a comunicações diplomáticas sobre o ex-jogador Robinho, condenado e preso por estupro.
No ano anterior, na campanha eleitoral, Lula criticou Bolsonaro pela prática. A gestão anterior decretou segredo de 100 anos a dados solicitados via LAI sobre os crachás de acesso ao Palácio do Planalto emitidos em nome de Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filhos do ex-presidente, e sobre o cartão de vacinação de Bolsonaro.
Nos primeiros dias do atual mandato, em janeiro de 2023, Lula determinou a reavaliação de sigilos impostos na gestão de Bolsonaro, mas os diferentes órgãos do governo mantiveram o uso do mesmo expediente para barrar informações solicitadas.
Com informações do G1