Home 1 Minuto com Sérgio Machado Pontes em risco: Quixeramobim e o cenário de negligência nacional

Pontes em risco: Quixeramobim e o cenário de negligência nacional

A manutenção das pontes e barragens, especialmente em cidades do interior como Quixeramobim, precisa ir além da cosmética. O foco deve estar na avaliação técnica, reforço estrutural e monitoramento contínuo

Foto: Corpo de Bombeiros/Governo do Tocantins

O desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que causou 14 mortes no Tocantins, trouxe à tona uma crise estrutural que se estende por todo o país. No Ceará, a situação não é diferente. Levantamento do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) aponta que 92 pontes nas rodovias cearenses apresentam condições ruins.

Em Quixeramobim, apesar de ter recebido uma verba de cerca de meio milhão de reais do governo federal nos últimos meses, não houve qualquer avanço técnico na recuperação da barragem que, além de ser o cartão-postal da cidade, é um ponto de alto risco com a proximidade da temporada de chuvas.

O recurso, ao que parece, foi utilizado de forma paliativa, apenas para pintura. Essa abordagem negligente mostra a ausência de um planejamento estratégico para garantir a segurança estrutural e a vida da população.

A manutenção das pontes e barragens, especialmente em cidades do interior como Quixeramobim, precisa ir além da cosmética. O foco deve estar na avaliação técnica, reforço estrutural e monitoramento contínuo. Sem isso, as pontes seguem como armadilhas em potencial.

As 727 pontes em situação crítica no Brasil mostram o desleixo na fiscalização. No caso do Ceará, os gestores locais e o Dnit precisam trabalhar juntos para criar um plano emergencial de inspeção e recuperação. É necessário estabelecer prazos claros, relatórios públicos e alocação responsável de recursos.

Além disso, a chegada das chuvas deve ser encarada como uma urgência adicional, já que o impacto das águas pode agravar as falhas estruturais e gerar novos desastres.

A tragédia no Tocantins deve servir de alerta. Não podemos permitir que outras vidas sejam perdidas pelo descuido do governo. A sociedade precisa cobrar transparência e responsabilidade dos gestores, exigindo que cada centavo destinado a obras de infraestrutura seja utilizado de forma concreta.

Afinal, não se trata apenas de pontes, mas de vidas em risco e de um país que não pode mais aceitar o colapso como rotina.

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