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A memória através das artes

A literatura, o teatro, o cinema e a música são os principais veículos dessa difusão dos fatos verídicos. Nos chamados “Anos de Chumbo” a censura vetava as exibições e houve invasão de teatros com ataque aos artistas e destruição do cenário a exemplo de “Roda Viva” – trabalho de Chico Buarque e José Celson Martinez

Foto: Reprodução/Redes sociais

Por aqui, na terra do futebol, nos acostumamos a torcer pelas vitórias do Brasil…zil…zil. Nos últimos dias a glória veio através do Globo de Ouro nas mãos de Fernanda Torres, estrela do filme de Walter Salles “Ainda Estou Aqui”. O filme manteve o título da obra literária, cujo autor, Marcelo Rubens Paiva e todos seus familiares viveram a história narrada no desenrolar do roteiro. Que essa vitória desperte nas novas gerações o interesse em conhecer a história real desse grande país e assim reconheçam as arbitrariedades da Ditadura Militar. Fernanda Torres guardará um Globo de Ouro por representar Eunice Paiva, mãe dos 5 filhos do engenheiro Rubens Paiva (ex-deputado federal) foi preso pelos agentes da Ditadura e nunca mais foi visto.

A literatura, o teatro, o cinema e a música são os principais veículos dessa difusão dos fatos verídicos. Nos chamados “Anos de Chumbo” a censura vetava as exibições e houve invasão de teatros com ataque aos artistas e destruição do cenário a exemplo de “Roda Viva” – trabalho de Chico Buarque e José Celson Martinez. A peça de Oduvaldo Viana Filho – “Rasga Coração”, depois foi para o cinema. Roberto Farias realizou um dos filmes mais realista “Prá Frente Brasil” (ps. Saí do cinema agoniada e por dias as cenas me deixaram assustada). A música tem exemplos clássicos de letras censuradas que o público cantou em manifestações públicas, sem a participação dos artistas censurados; “Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores”, “Cálice”, “Apesar de Você” e outras.

Muitos pais, mães, filhos/filhas, irmãos/irmãs, familiares e muitos amigos e amigas choraram por suas pessoas sem destinos conhecidos. Mas há um caso que meu coração sofreu mais – a luta de uma MÃE – Zuzu Angel em busca de seu filho Stuart Angel Jones – desaparecido e morto com apenas 25 anos. Assim como Eunice Paiva, Zuzu tentou encontrar respostas e/ou indícios do que acontecera e onde estariam seus desaparecidos, numa busca sem sucesso. Mas para Zuleika Angel o fim foi sua morte em acidente de trânsito. Será?

Para Zuzu, Chico Buarque compôs essa canção:

ANGÉLICA
“Quem é essa mulher que canta sempre esse estribilho?
Só queria embalar meu filho Que mora na escuridão do mar
Quem é essa mulher que canta sempre esse lamento?
Só queria lembrar o tormento que fez o meu filho suspirar
Quem é essa mulher que canta sempre o mesmo arranjo?
Só queria agasalhar meu anjo e deixar seu corpo descansar
Quem é essa mulher que canta como dobra um sino?
Queria cantar por meu menino que ele já não pode mais cantar
Quem é essa mulher que canta sempre esse estribilho?
Só queria embalar meu filho que mora na escuridão do mar”

Por tantas famílias que sofreram a angústia e a saudade, que Deus afaste do nosso País as ameaças dessas maldades.

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