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Prefeito de Potiretama é investigado por incendiar fazenda de advogado com ajuda de facção criminosa

O crime teria sido motivado por perseguição política e executado com apoio de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), segundo investigações da Polícia Civil e da Procuradoria dos Crimes Contra a Administração Pública (Procap)

Foto: Reprodução

O prefeito de Potiretama, no interior do Ceará, Luan Dantas Felix (PP), foi preso na última quinta-feira, 3, e é investigado por suspeita de mandar incendiar a fazenda de um advogado, localizada na cidade vizinha de Alto Santo. O crime teria sido motivado por perseguição política e executado com apoio de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), segundo investigações da Polícia Civil e da Procuradoria dos Crimes Contra a Administração Pública (Procap).

De acordo com o processo, o atentado ocorreu em 28 de maio de 2024, resultando na destruição de portas, janelas, móveis e eletrodomésticos da propriedade da vítima. A Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) confirmou o uso de óleo diesel no local, substância utilizada como acelerante para provocar o incêndio.

Ameaças e perseguição política

Antes mesmo do ataque, o advogado já havia registrado boletins de ocorrência relatando ameaças de morte feitas por Luan Dantas Felix. Ele acredita que as ameaças começaram após o prefeito suspeitar que teria sido denunciado à Procap pelo profissional, em razão de possíveis irregularidades envolvendo um posto de combustíveis que fornecia à Prefeitura com indícios de superfaturamento.

Ainda segundo a vítima, outras pessoas estariam juradas de morte pelo prefeito, incluindo uma vereadora, um ex-vereador e até um parente do próprio gestor. A vereadora de Potiretama também registrou ocorrência policial contra o prefeito.

Ligação com o PCC e morte de envolvido

As investigações apontam que o crime foi articulado por Luan com a ajuda de seu cunhado e de Felipe Gomes da Silva, conhecido como “Pajé”, integrante do PCC. Em áudios obtidos pela polícia, “Pajé” confessava ter executado o incêndio a mando do prefeito. Ele foi assassinado em julho de 2024, menos de um mês após o atentado.

As autoridades descobriram ainda que os envolvidos utilizavam celulares alternativos para se comunicar sobre os crimes e manter contato com integrantes da facção.

Prisão e tentativa de fuga

Luan Dantas foi preso por força de mandado de prisão preventiva. Durante a tentativa de fuga, ele tentou escapar de carro rumo à cidade de Rodolfo Fernandes, no Rio Grande do Norte. No percurso, arremessou um objeto — possivelmente um celular — pela janela do veículo. A perseguição terminou no quilômetro 4 da CE-269, já nas proximidades de Potiretama, onde foi interceptado pelos policiais.

Operação Revelatio

A prisão do prefeito ocorreu no âmbito da Operação Revelatio, coordenada pela Procap com apoio da Polícia Civil. A operação apura suspeitas de superfaturamento em contratos de fornecimento de combustíveis para a frota da Prefeitura de Potiretama. Ao todo, foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão em imóveis ligados ao prefeito, ex-gestores, secretários e sócios de um posto de combustíveis.

De acordo com o Ministério Público, o prefeito seria sócio fundador do posto investigado. Apesar de ter formalizado a saída da empresa após ser eleito em 2020, indícios apontam que ele continuava à frente do negócio de forma oculta. Entre 2021 e fevereiro de 2024, já sob sua gestão, os gastos do município com combustíveis saltaram para mais de R$ 8,2 milhões — um aumento superior a 100% em relação ao período anterior (2017-2020), mesmo sem ampliação da frota.

O MP também aponta falhas na fiscalização do contrato, com pagamentos feitos sem cumprir formalidades legais.

Sem resposta da defesa

Até o momento da publicação, a defesa de Luan Dantas Felix não havia se pronunciado sobre as acusações. O caso segue sendo investigado pela Procap e pela Polícia Civil do Ceará.

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