A morte do papa Francisco, na madrugada desta segunda-feira, 21, marca o fim de uma era na Igreja Católica e abre espaço para o início de um novo capítulo na história do Vaticano. Com a cadeira de São Pedro novamente vaga, os olhares do mundo se voltam para os bastidores do conclave — processo pelo qual será escolhido o próximo líder da Santa Sé.
Como funciona o conclave
A escolha do novo papa é realizada em um conclave, reunião secreta que reúne cardeais com menos de 80 anos, os únicos com direito a voto. O termo “conclave” vem do latim cum clavis (“com chave”), em referência ao isolamento total dos cardeais durante a votação.
O conclave deve ocorrer entre 15 e 20 dias após a morte do pontífice. Nesse período, os cardeais são convocados ao Vaticano e permanecem isolados até que um nome receba ao menos dois terços dos votos. Em 2013, por exemplo, o então cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio — que se tornaria o papa Francisco — foi eleito com o apoio de 116 dos 120 cardeais, após a renúncia de Bento XVI.
Favoritos ao papado: perfis de diferentes continentes
A sucessão de Francisco já movimenta os bastidores e estimula apostas sobre quem será o próximo líder da Igreja. Entre os favoritos, nomes que representam diferentes regiões do mundo e diferentes visões sobre o futuro do catolicismo.
Um dos mais cotados é o italiano Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana. Próximo ao papa Francisco, Zuppi se destaca por sua atuação diplomática como enviado papal em missões de paz.
Outro nome de peso é o filipino Luis Antonio Tagle, arcebispo de Manila. Com carisma e alinhamento às reformas iniciadas por Francisco, Tagle é visto como uma aposta para fortalecer a presença da Igreja na Ásia.
Também entra na disputa o cardeal ganês Peter Turkson, que tem longa trajetória na Cúria Romana e é reconhecido por seu trabalho em temas sociais e ambientais. Caso eleito, Turkson seria o primeiro papa negro da história da Igreja.
O húngaro Péter Erdő, membro do Conselho para a Economia da Santa Sé, é outro possível candidato, embora sua viabilidade dependa dos desdobramentos políticos dentro do colégio cardinalício.
E o Brasil?
A América Latina teve papel central na eleição de Francisco, o primeiro papa latino-americano. Embora o momento atual aponte menor protagonismo da região, o Brasil — país com o maior número de católicos do mundo — ainda pode surpreender.
O país conta atualmente com sete cardeais eleitores. Entre eles, ganham destaque dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre, recentemente nomeado cardeal; dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus; e dom Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília. Embora considerados nomes menos prováveis no cenário atual, eles representam a continuidade da força latino-americana na Igreja.
Nova era à vista
O conclave que se aproxima será decisivo para definir os rumos da Igreja Católica nas próximas décadas. Entre continuidade e renovação, tradição e abertura, a escolha do novo papa poderá moldar não apenas o futuro da Santa Sé, mas também sua relação com o mundo moderno.