A operação Sem Desconto, deflagrada neste mês para investigar um esquema bilionário de fraudes no INSS, expôs algo que não é novidade para seu ninguém: o órgão é alvo de fraudes há pelo menos três décadas.
Desde sua criação, nos anos 1990, são várias denúncias envolvendo corrupção, concessões indevidas de benefícios e descontos irregulares em aposentadorias. Basta dar um Google que você vai encontrar.
O caso mais recente, embora tenha ganhado destaque nacional, guarda semelhanças com relatos antigos, inclusive em Fortaleza, onde há anos beneficiários denunciam cobranças indevidas feitas por entidades supostamente sindicais.
No Ceará, há registros de aposentados sofrendo descontos mensais de até R$ 50, somando prejuízos de mais de R$ 2 mil ao longo dos anos. Podem parecer pequenos, mas são valores que impactam diretamente a renda de quem mais precisa.
Segundo o Diário do Nordeste, as vítimas relatam que nunca autorizaram essas cobranças e que, mesmo tentando cancelar os descontos, os valores continuaram sendo retirados. Esse tipo de prática não é nova e nem restrita ao atual governo federal.
Ao longo das últimas décadas, diversas operações da Polícia Federal já apontaram a participação de vários servidores públicos, advogados, políticos e entidades. Essas fraudes estruturadas mostram que o problema é sistêmico e envolve muitos interesses que atravessam governos de diferentes matizes ideológicas. Ignorar essa complexidade e reduzir o debate ao embate político-partidário enfraquece a resposta que a sociedade precisa.
Além de afastar os suspeitos e prender os envolvidos, queremos saber quais mecanismos permanentes de fiscalização e transparência serão estruturados no INSS. Auditorias frequentes? Revisão dos convênios com entidades representativas? Cancelamento de descontos indevidos? A indignação precisa se transformar em pressão por soluções duradouras. A população já paga há tempo demais por essa conta.
