Home 1 Minuto com Sérgio Machado Cidade limpa, responsabilidade de todos: uma reflexão urgente

Cidade limpa, responsabilidade de todos: uma reflexão urgente

Falta educação coletiva e senso de pertencimento. Muitos enxergam o espaço público como um território sem dono, quando na verdade ele pertence a todos — e, por isso mesmo, exige cuidado redobrado. A rua onde jogamos um papel hoje pode ser a mesma por onde nossas crianças caminharão amanhã

Foto: Divulgação/Pref. do Crato

Em meio aos desafios diários que enfrentamos em nossas cidades, um tema insiste em se destacar pela frequência com que reaparece: a limpeza pública. Não se trata apenas de varrer ruas ou recolher lixo doméstico — trata-se de dignidade, saúde, cidadania e respeito ao espaço comum. E é justamente por isso que este assunto precisa ser encarado com mais seriedade por todos nós, moradores e moradoras de Quixeramobim e de tantas outras cidades que enfrentam realidades semelhantes.

Tenho acompanhado com atenção o trabalho da limpeza pública em nossa cidade. Os servidores da Secretaria de Infraestrutura se desdobram diariamente para manter as vias limpas, os cestos esvaziados e os bairros minimamente organizados. As entrevistas que realizamos com representantes da pasta e os constantes apelos feitos por quem está na linha de frente revelam um esforço real, contínuo e necessário.

Mas de que adianta esse esforço se não há a colaboração da população?

O que se observa é, infelizmente, um padrão preocupante: estabelecimentos comerciais descartando isopor, caixas de papelão, sacos plásticos e outros materiais de forma totalmente irregular. Em alguns pontos, restos de animais são jogados em terrenos baldios ou até mesmo dentro dos cestos de coleta, criando verdadeiros focos de contaminação. O resultado é um cheiro insuportável, urubus sobrevoando áreas urbanas e o risco crescente de doenças.

Não se trata apenas de um problema visual ou de incômodo pontual. Trata-se de saúde pública. Trata-se de responsabilidade social.

A pergunta que insiste em ecoar é: por que é tão difícil conscientizar a população?

A resposta, ainda que desconfortável, é simples: falta educação coletiva e senso de pertencimento. Muitos enxergam o espaço público como um território sem dono, quando na verdade ele pertence a todos — e, por isso mesmo, exige cuidado redobrado. A rua onde jogamos um papel hoje pode ser a mesma por onde nossas crianças caminharão amanhã. O terreno onde se descarta um animal morto pode ser o mesmo onde um vizinho vai passar com sua bicicleta, respirar aquele ar contaminado, conviver com aquele risco.

A cidade que queremos começa com o comportamento que adotamos. Não se constrói uma cidade limpa apenas com caminhões de coleta e garis dedicados. Constrói-se com consciência coletiva.

Da mesma forma, o trânsito desorganizado, o acúmulo de lixo e o desrespeito aos espaços comuns não são problemas isolados — são sintomas de uma falta de consciência mais profunda, de um olhar que ainda não se deu conta de que viver em sociedade exige reciprocidade.

Quero, como tantos outros cidadãos, uma cidade limpa, tranquila, saudável. Mas esse desejo só se torna realidade quando é partilhado. Quando deixamos de apenas reclamar e começamos a agir, ainda que com gestos simples: separar corretamente o lixo, respeitar os dias de coleta, não descartar entulhos em vias públicas, orientar vizinhos, denunciar irregularidades.

Educar-se é um ato contínuo, que começa no lar, passa pela escola e se estende pela vida. E é nesse processo que se constrói uma cidade melhor.

Que possamos, como sociedade, entender que cidade limpa não é a que mais se varre, mas a que menos se suja. Que sejamos parte da solução, e não do problema. E que não esperemos apenas por ações do poder público, mas façamos também a nossa parte, todos os dias.

O lugar onde vivemos é o reflexo do que somos — que sejamos, então, motivo de orgulho e não de vergonha.

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