A concessão da Comenda Cedro ao escritor João Eudes Cavalcante Costa pela Câmara de Quixadá em 24/06/2025 é um exemplo louvável de reconhecimento a um verdadeiro imortal das letras do sertão central, alguém cuja contribuição à cultura quixadaense é inquestionável. Esta justa e perfeita homenagem, contudo, ressalta um problema grave: a frequente desvalorização dessa mesma honraria máxima do legislativo municipal. Quando a Comenda do Cedro – destinada a celebrar contribuições excepcionais à cultura, economia e sociedade – é concedida sem critérios transparentes, baseada em amizades políticas, bajulação ou meros interesses de promoção pessoal de vereadores, seu significado se esvai. Transforma-se de um símbolo de mérito e gratidão coletiva em um instrumento de troca política, banalizando a intenção original e desrespeitando tanto os verdadeiros merecedores quanto a população que a Câmara deveria representar.
Esta crítica estende-se igualmente à concessão indiscriminada do Título de Cidadão Quixadaense. A lei estabelece critérios para essa honraria, que pressupõe vínculo e serviços relevantes prestados ao município. Contudo, a prática de outorgar a cidadania a personalidades midiáticas, políticos nacionais ou até pessoas que nunca sequer visitaram Quixadá é um escárnio ao instituto. Essa prática, infelizmente comum não só em Quixadá, temos notícias dessa imoral atitude em diversas câmaras do sertão central cearense, vai além do desrespeito: é uma forma sutil de corrupção política. Utiliza-se do patrimônio simbólico da cidade – o reconhecimento oficial de sua cidadania – como moeda de politicalha ou favores, traindo a confiança pública e desvirtuando o papel da Câmara Municipal como guardiã dos interesses e da identidade do povo que representa. Valorizar essas honrarias exige rigor, transparência e um compromisso inabalável com o mérito real, não com o clientelismo barato.
“A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las.” (Aristóteles)