O Brasil segue se destacando como um dos países mais conectados do mundo. De acordo com a pesquisa Consumer Pulse, realizada pela consultoria Bain & Company, os brasileiros passam, em média, mais de 9 horas por dia navegando na internet, sendo cerca de 3 horas e 40 minutos dedicadas exclusivamente às redes sociais. O tempo supera a média global e reforça o papel central da tecnologia na rotina da população.
Apesar do alto índice de conexão, o levantamento também aponta um movimento crescente de desconforto entre os usuários, que têm demonstrado desejo por uma relação mais equilibrada com o universo digital. O excesso de tempo online começa a ser encarado por muitos como um fator de desgaste mental e perda de produtividade, o que tem incentivado reflexões sobre o uso consciente das ferramentas tecnológicas.
Para o comentarista de inovação da CNN, Marcelo Tripoli, o Brasil mantém uma posição histórica de destaque na adoção rápida de novas tecnologias. “O brasileiro é curioso, aberto ao novo, e o tempo em trânsito nas cidades favorece o uso constante do celular. É um perfil que adota rápido e mergulha fundo nas novidades”, avalia.
Um dos pontos de atenção destacados por Tripoli é o avanço da inteligência artificial nas plataformas digitais. Ferramentas como o ChatGPT, por exemplo, oferecem interações personalizadas, sempre disponíveis e agradáveis, o que aumenta o potencial de engajamento. “Essas inteligências artificiais são projetadas para manter o usuário envolvido. Elas respondem sempre com atenção e empatia, o que cria uma relação quase afetiva com o aparelho”, comenta.
No entanto, ele alerta para a importância de uma “dieta digital” balanceada. O termo, cada vez mais utilizado por especialistas, propõe que os usuários façam escolhas mais conscientes sobre como utilizam seu tempo online. “Você não pode ter uma dieta só de açúcar e gordura. Com a internet é a mesma coisa: não dá para consumir só entretenimento passivo. É preciso buscar também o que te desenvolve”, aconselha.
A pesquisa da Bain & Company revela ainda que há um avanço na conscientização sobre educação digital no país. Tripoli recomenda que as pessoas utilizem as ferramentas dos próprios smartphones para monitorar o tempo de uso por aplicativo. Isso permite uma visão clara de onde estão os excessos e abre espaço para ajustes que priorizem o bem-estar e a produtividade.