Home Wanderley Barbosa Monólitos e mistério: a espiritualidade única de Quixadá

Monólitos e mistério: a espiritualidade única de Quixadá

Infelizmente, esse patrimônio espiritual e paisagístico monumental permanece subaproveitado, refletindo uma miopia crônica e um descaso histórico de sucessivas gestões políticas municipais

Foto: Ascom Sema

Quixadá possui uma espiritualidade tão grandiosa e singular quanto sua paisagem de monólitos. O Santuário de Nossa Senhora Imaculada Rainha do Sertão, coroando majestosamente um monólito a 550 metros, não é apenas um local de fé; é um ícone paisagístico religioso de rara beleza, com potencial para ser um dos santuários mais impressionantes do mundo. Essa integração única do sagrado com o geológico se repete na Gruta de São Francisco, também encravada na rocha, e na criativa adaptação de uma gruta pela comunidade evangélica assembleia de Deus, demonstrando como a religiosidade local se funde ao ambiente natural de forma orgânica. A Gruta da Índia, ligada à figura do escritor e poeta Alberto Porfírio, adiciona uma camada religiosa, cultural e poética a essa rica tapeçaria espiritual. Esta não é uma fé comum; é uma fé esculpida nos monólitos, moldada pelo sertão, e expressa de maneiras profundamente ligadas à identidade e à geografia únicas de Quixadá.

Infelizmente, esse patrimônio espiritual e paisagístico monumental permanece subaproveitado, refletindo uma miopia crônica e um descaso histórico de sucessivas gestões políticas municipais. Ao longo de 155 anos, a evidente vocação turística de Quixadá – que abrange não apenas o turismo religioso, mas também o de aventura, histórico e educacional – foi sistematicamente negligenciada. O turismo religioso, em particular, é um segmento comprovadamente poderoso para o desenvolvimento socioeconômico, gerando empregos, movimentando cadeias produtivas e projetando cidades globalmente. Enquanto inúmeras localidades transformaram sua fé em prosperidade, os potenciais de Quixadá jazem adormecidos, à espera de um gestor com visão estratégica, capacidade de planejamento integrado e vontade política para transformar esse “carro-chefe” natural em realidade. A pergunta do cidadão é pertinente e dolorosa: por que tamanha riqueza, capaz de impulsionar toda a região, continua invisível aos olhos de quem detém o poder político de agir? A resposta parece residir menos na falta de recursos e mais na ausência crônica de ambição, competência e compromisso genuíno com o futuro do município por parte de seus representantes políticos.

Ei, sociedade quixadaense: é hora de acordar!

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