O Ceará confirmou, na última sexta-feira, 18, um caso de gripe aviária em Quixeramobim, no Sertão Central, após análise de material coletado em propriedade particular na zona rural do município. A ocorrência foi registrada em uma pequena propriedade localizada no limite de Quixeramobim com Madalena.
Após a confirmação, muitas dúvidas surgiram quanto à gravidade do caso e se o vírus pode ser transmitido para humanos através do consumo da carne da ave ou de ovos.
De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a gripe aviária não é transmitida por meio da ingestão de carne ou ovos devidamente inspecionados. O risco de infecção em humanos, segundo a pasta, é considerado baixo e geralmente restrito a profissionais com contato direto com aves infectadas, vivas ou mortas.
A seguir, confira as principais informações sobre a gripe aviária, segundo orientações da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e da Organização Mundial da Saúde (OMS):
O que é a gripe aviária?
A gripe aviária, ou influenza aviária, é uma infecção causada por vírus influenza do tipo A, com destaque para o subtipo H5N1. Embora atinja principalmente aves, também já foi identificado em mamíferos, incluindo gado leiteiro.
Como ocorre a transmissão?
A principal forma de disseminação do vírus é por meio de aves selvagens migratórias. A infecção humana ocorre, em geral, por contato direto ou indireto com animais contaminados ou superfícies expostas a secreções e fezes de aves infectadas. Atividades como depenar ou preparar aves doentes em ambientes domésticos elevam o risco.
Quais são os sintomas em humanos?
Os sinais da doença variam de leves a graves, incluindo:
- Febre
- Tosse
- Congestão nasal
- Conjuntivite
- Dificuldade respiratória
- Sintomas gastrointestinais
Em alguns casos, pacientes podem ser assintomáticos.
Existe tratamento?
Sim. Medicamentos antivirais são indicados para casos graves ou para pessoas com maior risco, como idosos e portadores de doenças crônicas. Em qualquer suspeita, é recomendável procurar orientação médica imediata.
A doença pode ser fatal?
Pode. Desde 2003, foram notificados cerca de 900 casos humanos de infecção por H5N1 no mundo, com taxa de mortalidade acima de 50%. Apesar disso, os casos são raros e a transmissão entre pessoas não foi comprovada.
Há vacina contra a gripe aviária?
A OMS mantém vacinas candidatas atualizadas como estratégia preventiva, em caso de pandemia. A vacina da gripe comum não protege contra a gripe aviária. A organização também tem acordos com fabricantes para rápida produção, se necessário.
Quem corre mais risco de contrair a doença?
- Profissionais com contato direto com:
- Aves de criação
- Mamíferos infectados
- Ambientes contaminados
Nas Américas, foram registrados cerca de 70 casos humanos, a maioria nos EUA, geralmente associados ao contato com aves ou gado leiteiro.
É seguro consumir frango e ovos de regiões afetadas?
Sim, desde que os produtos estejam devidamente cozidos. O risco está no consumo de alimentos crus ou mal cozidos, especialmente em áreas com surtos. Animais doentes ou mortos não devem ser consumidos.
A OMS recomenda seguir cinco orientações específicas para preparar ovos e carnes com segurança:
- mantenha o ambiente limpo;
- separe alimentos crus dos cozidos;
- longo tempo de cozimento;
- manter alimentos em temperaturas seguras;
- utilizar água e matérias-primas seguras.
Animais domésticos, como gatos, podem ser infectados?
Sim. Gatos podem contrair o vírus ao ingerir aves doentes ou leite cru contaminado. Embora a transmissão de gatos para humanos seja rara, a OMS recomenda evitar contato com animais doentes e adotar boas práticas de higiene.
Por que a vigilância é essencial?
O monitoramento de surtos em animais é fundamental para:
- Detectar precocemente vírus com potencial zoonótico
- Evitar a disseminação do vírus para humanos
- Planejar respostas rápidas e eficazes
Além disso, os produtores têm papel decisivo no controle da doença, devendo adotar medidas de biossegurança, isolar aves domésticas de aves selvagens e acionar as autoridades em caso de suspeita.
Embora a gripe aviária represente risco sanitário relevante, especialmente no setor agropecuário, o consumo de alimentos de origem animal permanece seguro, desde que observadas as recomendações de preparo e higiene. A vigilância, o preparo dos sistemas de saúde e a conscientização da população são as principais ferramentas para manter a situação sob controle.