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Crise em Madalena: de aliança política à ruptura pública entre Sônia Costa e Crispiano Uchôa

Fontes ligadas aos bastidores de Madalena relatam que Sônia se sentiu politicamente desprestigiada, com promessas não cumpridas e o que considera “esvaziamento” da influência de seu grupo nas principais decisões da prefeitura

Foto: Reprodução/Redes sociais

A política madalenense vive um dos seus momentos mais tensos dos últimos anos. O que antes era uma aliança sólida entre a ex-prefeita Sônia Costa (MDB) e o atual prefeito Crispiano Uchôa transformou-se em um embate público, com críticas abertas, recados nas redes sociais e disputas por protagonismo político.

Sônia, que governou Madalena por dois mandatos e foi responsável direta pela candidatura e eleição de Crispiano — então seu secretário de Educação —, hoje assume uma postura de franca oposição. Nas últimas semanas, ela tem usado suas redes para cobrar melhorias na saúde, alertar sobre os custos das campanhas eleitorais e pedir atenção da população quanto à condução da gestão municipal.

De aliada a crítica: o rompimento

Em 2024, a escolha de Crispiano como candidato à sucessão municipal foi encarada como um gesto de continuidade política. A então prefeita articulou sua campanha e transferiu a ele parte do seu capital eleitoral. Contudo, pouco mais de seis meses após o início da atual gestão, a relação política começou a se desgastar.

Fontes ligadas aos bastidores de Madalena relatam que Sônia se sentiu politicamente desprestigiada, com promessas não cumpridas e o que considera “esvaziamento” da influência de seu grupo nas principais decisões da prefeitura. A situação se agravou com a disputa pela paternidade de obras estruturantes, como a instalação de uma empresa em galpão cedido pelo Estado, além de casas populares e ações de infraestrutura.

O mal-estar tornou-se público, e desde então, Sônia passou a adotar um discurso mais crítico, cobrando mais eficiência da gestão de Crispiano, especialmente na área da saúde.

Redes sociais como palanque

A ex-prefeita tem se posicionado de forma contundente nas redes sociais. Em uma das publicações recentes, cobrou mais agilidade e qualidade nos serviços de saúde oferecidos pelo município, apontando que “o povo está cansado de promessas”.

Em outro momento, Sônia fez um alerta à população: “Fiquem atentos a campanhas milionárias. Desconfiem de quem gasta muito para se eleger”. O recado foi interpretado como uma crítica direta ao atual grupo político no poder, indicando que a disputa eleitoral de 2026 já começou, ainda que de forma velada.

Ela também reconheceu publicamente que a empresa que deverá se instalar em Madalena já recebeu um galpão do governo do Estado, o que, segundo aliados, desmonta a narrativa da atual gestão sobre a origem do investimento. A fala foi lida como uma tentativa de reapropriação simbólica do mérito pela atração de empreendimentos ao município.

Interesses, alianças e futuro político

Nos bastidores, o cenário é ainda mais complexo. Há especulações sobre uma tentativa de reaproximação entre Crispiano e lideranças estaduais, como o deputado Leonardo Araújo, com quem Sônia ainda mantém diálogo. O prefeito também tem mantido articulações com outros nomes fortes da política cearense, como o deputado federal Júnior Mano.

Sônia, por sua vez, começa a pavimentar outro caminho. A ex-prefeita deve indicar um novo nome para a sucessão em 2028, tentando rearticular sua base e retomar o protagonismo perdido. A aposta, segundo aliados, é em um discurso mais direto, voltado para os problemas cotidianos da população — saúde, infraestrutura e geração de empregos.

Sombra de investigações passadas

É impossível ignorar que a gestão de Sônia também esteve envolvida em polêmicas. Ela foi alvo da Operação Pactum do Ministério Público em 2021, que investigou suspeitas de favorecimento econômico e fraude em licitação. Além disso, sua administração recebeu diversas recomendações do MPCE relacionadas a gastos com comunicação institucional, contratações temporárias e eventos com custos elevados. Esses elementos enfraquecem parcialmente sua retórica atual, mas não a impedem de mobilizar apoio popular.

Conclusão: disputa por narrativa e espaço

A crise entre Sônia Costa e Crispiano Uchôa não é apenas uma ruptura política, mas também uma disputa por narrativa. Quem representa o verdadeiro legado político de Madalena? Quem está de fato comprometido com o povo?

A resposta ainda está em aberto. O que é certo, porém, é que Madalena caminha para um novo ciclo de embates políticos intensos, onde antigos aliados se tornam adversários, e os palanques se constroem não apenas nas urnas, mas também nas redes sociais.

A população, como alertou a ex-prefeita, terá papel decisivo nesse processo: avaliar, questionar e escolher não apenas entre nomes, mas entre projetos de gestão e rumos para o futuro do município.

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