O governador do Ceará, Elmano de Freitas, anunciou na manhã desta quarta-feira, 6, um pacote com quatro medidas emergenciais para reduzir os efeitos econômicos provocados pelas novas tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. As ações fazem parte de um Projeto de Lei encaminhado para apreciação da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) e têm como foco preservar empregos e proteger as empresas exportadoras do estado.
As decisões foram tomadas após uma série de reuniões com representantes dos setores mais afetados e integrantes do secretariado estadual. “Tomei decisões necessárias de apoio a empresas cearenses que vendem seus produtos aos Estados Unidos. Nós precisamos garantir o emprego do nosso povo, apoiar as empresas e a economia cearense.”
Confira as medidas anunciadas por Elmano:
1. Diálogo com setores mais afetados
Uma das primeiras ações anunciadas por Elmano é a realização de reuniões individuais com representantes dos setores mais impactados pelas novas tarifas, como os de pescados, castanha de caju, água de coco, cera, couro e calçados. O objetivo é compreender as demandas específicas de cada segmento e buscar soluções articuladas.
A decisão ocorre após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar, no dia 30 de julho, a lista de produtos brasileiros que serão taxados em 50% a partir do dia 6 de agosto. Alguns produtos, como suco de laranja e petróleo, ficaram isentos, mas diversos itens com forte presença na pauta exportadora cearense foram atingidos.
2. Aceleração das exportações antes do tarifaço
Outra medida urgente adotada pelo governo estadual é a mobilização para acelerar o envio de produtos cearenses aos EUA antes do início das novas tarifas. Elmano informou que está em articulação com as superintendências da Receita Federal, do Ibama e do Porto do Mucuripe para garantir celeridade no desembaraço aduaneiro.
A preocupação é reforçada pelo histórico recente: em julho, ao menos 20 contêineres ficaram retidos no Porto do Pecém.
Em 2024, cerca de 44,9% das exportações cearenses foram destinadas aos Estados Unidos. No primeiro semestre de 2025, essa dependência aumentou: 51% das vendas externas do estado tiveram como destino o mercado norte-americano. Entre os principais produtos exportados estão aço, pescados, sucos, castanha e pás eólicas.
3. Busca por novos mercados
Diante do cenário incerto nas relações comerciais com os EUA, o governador também afirmou que o governo estadual está intensificando esforços para diversificar os destinos das exportações cearenses. Uma reunião com o Consulado da China já está agendada para tratar da ampliação de parcerias comerciais com o país asiático.
A China é atualmente o principal parceiro comercial do Brasil e pode se tornar alternativa estratégica para escoamento de parte dos produtos cearenses impactados pelas novas barreiras dos EUA.
4. Compra direta de mercadorias
A quarta medida anunciada por Elmano envolve a possibilidade de o Governo do Estado adquirir, diretamente dos produtores locais, mercadorias perecíveis, como peixes e frutas, que possam ser utilizadas em programas sociais e equipamentos públicos estaduais, como escolas e hospitais.
Segundo o governador, a iniciativa busca dar vazão à produção que poderá ser afetada pela retração das exportações e, ao mesmo tempo, atender demandas da população em situação de vulnerabilidade.
“Se forem necessárias outras medidas, tomaremos ouvindo os setores econômicos do nosso estado. O que nós pretendemos com essas decisões é a garantia dos empregos do povo cearense, as empresas mantendo seus negócios e, assim, a economia cearense continuar crescendo, gerando oportunidades e emprego para o nosso povo”, reforçou o governador.