Em uma rápida passagem pelos Correios, ao lado da fila destinada a aposentados e pensionistas, foi impossível não notar a cena repetida em cada atendimento: todos perguntavam ao caixa se havia algum desconto em seus pagamentos. E, em todos os casos observados, a resposta era a mesma: sim, havia desconto.
Esse detalhe, aparentemente corriqueiro, escancara uma realidade cruel. O que está acontecendo não é falha administrativa ou erro de sistema. É roubo. Um dos maiores praticados neste país contra aqueles que mais deveriam ser respeitados: os aposentados e pensionistas. Pessoas que dedicaram décadas de suas vidas ao trabalho e que, agora, em vez de receber integralmente o que lhes é devido, convivem com retiradas indevidas que corroem sua renda.
O que impressiona ainda mais é o silêncio. O tema já chegou a ter espaço na mídia, já mobilizou debates e indignações. Mas, como tantas vezes acontece no Brasil, esfriou. Foi varrido da pauta nacional, como se o problema tivesse sido resolvido. Não foi. A dor e a perda continuam, e a conta segue sendo paga justamente por quem menos pode.
Não se trata apenas de irregularidade: é um esquema que drena, mês a mês, o sustento de milhares de famílias. O silêncio das autoridades e a falta de respostas concretas reforçam a cumplicidade de um sistema que parece acostumado a explorar os mais frágeis.
É preciso dizer com todas as letras: o povo não pode pagar essa conta. O assunto não pode ser esquecido nem minimizado. É urgente reabrir o debate, cobrar investigação séria, responsabilização exemplar e, sobretudo, reparação integral. Aposentados e pensionistas não pedem favores: exigem apenas o direito básico de receber, na íntegra, aquilo que lhes pertence.
O silêncio não pode ser a resposta. Porque cada minuto de omissão representa mais um ato de injustiça contra quem já deu tanto ao país.
