A história de Elenir Queiroz e Edneuly Lourenço é a prova viva de que determinação, talento e parceria podem florescer mesmo no solo mais árido. A trajetória das duas produtoras rurais, criadoras de cabras leiteiras e mestras na arte de transformar leite em iguarias, foi contada em detalhes no podcast FOCO NO ASSUNTO, da última quinta-feira, 18. Elas revelaram um começo marcado por muitas dificuldades e pela descrença generalizada de que era possível viver exclusivamente da produção de derivados de leite de cabra.
Hoje, as duas são vencedoras, com prêmios que atestam a excelência de seus produtos em âmbito municipal, estadual e nacional. O que era um sonho combatido por muitos tornou-se uma realidade de sucesso, ainda que conquistada a duras penas.
O palmarés de uma guerreira: Elenir Queiroz
Elenir Queiroz coleciona títulos que qualquer grande indústria do setor invejaria. Seu doce de leite de cabra já foi eleito o 2º melhor do Brasil em um concurso bastante concorrido em Blumenau (SC). Recentemente, seu talento foi coroado com mais duas conquistas de prestígio na XIX ENEL (XIX Encontro Nordestino do Setor de Leite e Derivados): a medalha Super Ouro pelo queijo e o Bronze pelo doce de leite.
A ascensão de uma campeã: Edneuly Lourenço
A história de Edneuly no mundo dos concursos começou em 2024 e é uma sequência vertiginosa de vitórias. Sua estreia foi na FECEAF (Feira Cearense da Agricultura Familiar), onde conquistou o 1º lugar com seu queijo maturado. Na EXPOECE 2024, foi triplamente premiada com medalhas de ouro pelos produtos Queijo Pérola do Sertão, Doce de Leite Sabor Café e Queijo Maturado. Ainda em 2024, no município de Tauá, garantiu o 1º lugar no coalho tradicional e o 2º lugar no coalho com aroeira.
Em 2025, não parou: na XIX ENEL (Encontro Nordestino do Setor de Leite e derivados), levou para casa a Medalha de Prata com o queijo Terra Prometida e a cobiçada Medalha Super Ouro com o queijo Ágata do Sertão. Visionária, Edneuly já estuda e pesquisa incansavelmente para, em breve, produzir queijos finos de padrão francês. Ela, que jamais imaginou ter vocação para o agronegócio, hoje é consultora e palestrante, ensinando e incentivando outros a transformar leite de cabra em negócio.
Um grande exemplo de parceria no sertão
Um dos aspectos dignos de registro, revelado pelo podcast, é a parceria inquebrável entre as duas. Longe de se verem como concorrentes, Elenir e Edneuly são amigas, confidentes e parceiras. “Uma sempre está ensinando e incentivando a outra”, contaram. A cumplicidade é tanta que, quando uma não tem condições financeiras para participar de um evento, a outra leva e expõe os produtos da amiga, garantindo que ambas tenham visibilidade.
Reconhecimento fora, desconhecimento dentro de casa
Apesar do sucesso nacional, uma queixa é unânime: a falta de reconhecimento e apoio em sua própria cidade. “Somos bastante reconhecidas e aplaudidas em outras cidades e até em vários estados, mas infelizmente desconhecidas em nossa própria Quixadá”, lamentaram as produtoras. Elas externaram a tristeza por não receberem apoio do poder público municipal para impulsionar e desenvolver seus empreendimentos. “Tudo que temos hoje são frutos do apoio familiar e de nosso suor e determinação”.
Mesmo diante das dificuldades financeiras para ampliar a criação e fazer melhoramentos genéticos, a fé e a resiliência prevalecem. Elas confessam confiar no “grande e poderoso arquiteto do universo” e veem os obstáculos como meros detalhes. “Um dia seremos enxergadas por um grande produtor do agronegócio. Até lá, vamos continuar trabalhando com muita determinação, como sempre fizemos. Temos certeza que alcançaremos o padrão dos grandes criadores de cabras leiteiras”, finalizaram, com a convicção de quem já venceu batalhas muito maiores.
