Há exatamente um ano, no dia 30 de setembro, Quixadá perdia não apenas um bispo, mas um pai, um visionário, seu maior benfeitor. A partida de Dom Adélio Tomasin deixou um vazio silencioso, mas também uma paisagem transformada, um legado tão grandioso que é impossível olhar para a cidade hoje sem ver a marca indelével de seu amor e de sua fé operosa.
Antes de sua chegada, Quixadá era, como muitos dizem, uma cidade parada no tempo. Um lugar com seu charme e sua história, mas que aguardava, talvez sem saber, por um impulso. Esse impulso veio com a força tranquila de um bispo italiano que, de longe, escolheu este chão sertanejo como sua segunda pátria. E que escolha profética.
Dom Adélio não veio apenas para administrar; veio para semear. E a semente mais revolucionária foi a da educação. Da sua visão nasceu a UNICATÓLICA, uma faculdade que rapidamente se tornou universidade, faculdade Cisne e Fadat (Faculdade Dom Adélio Tomasin), alterando assim radicalmente o DNA da cidade. De repente, Quixadá não era mais apenas um ponto no mapa; era um polo de conhecimento. Milhares de jovens de toda a região começaram a migrar para cá. A cidade, que antes dormia cedo, ganhou a efervescência da juventude.
O comércio floresceu, a área imobiliária decolou e uma nova economia, dinâmica e cheia de potencial, surgiu. Mas Dom Adélio sabia que uma cidade não vive só de diplomas. Com o mesmo zelo, investiu na vida. Implantou uma maternidade moderna, que passou a ser um farol de esperança e cuidado não só para Quixadá, mas para todas as cidades do entorno, acolhendo a vida em seu momento mais frágil e precioso.
Sua obra é um mosaico de amor concreto. Com expertise e humildade, criou o Remanso da Paz, um lar para idosos onde ele próprio, renunciando a qualquer pompa, escolheu morar. E onde, num gesto final de amor por esta terra, escolheu repousar para sempre.
Ele olhou para as crianças e ergueu a Creche Rainha da Paz, que hoje abriga e educa mais de 400 pequenos cidadãos, oferecendo um futuro àqueles que mais precisam. Implantou o seminário maior Diocesano de Quixadá, preocupou-se com os perdidos nos vícios e fundou a Fazenda Novos Horizontes, estendendo a mão para recuperar vidas. Deu à cidade uma voz com a Rádio Cultura FM e um monumento eterno de fé com o majestoso Santuário de Nossa Senhora Imaculada Rainha do Sertão, que ele mesmo fundou e onde agora seu corpo mortal descansa, guardando a cidade que tanto amou.
Hoje, um ano após sua partida, a saudade se mistura com uma gratidão imensa. Quixadá precisa, sim, rezar muito por sua alma, agradecendo a Deus pelo dom de ter tido entre nós um homem de tamanha bondade e visão.
Mas a oração deve vir acompanhada de ação e memória. É mais do que justo e necessário que Quixadá eternize a lembrança deste santo homem com uma grande estátua, um monumento que seja um ponto de referência para as atuais e futuras gerações. Um lugar onde possamos lembrar, cultivar e contar a história de Dom Adélio Tomasin, o maior benfeitor que esta terra já conheceu.
Que sua alma descanse em paz, e que seu exemplo continue a inspirar e a abençoar Quixadá, a cidade que ele, com suas próprias mãos, ajudou a despertar para um novo tempo.
Muito obrigado Dom Adélio Tomasin!