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Documentos revelam que 70% das entidades com acordos no INSS pagaram operadores ligados à “Farra dos Descontos”

Dos 40 acordos firmados ou renovados desde os anos 2000, 27 apresentaram indícios de irregularidades, incluindo contratos com empresas de dirigentes das próprias associações, firmas suspeitas de fraudes em assinaturas e procurações concedidas a lobistas

Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Documentos internos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) mostram que 70% das entidades que firmaram Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) para realizar descontos diretamente em aposentadorias e pensões estão ligadas a operadores investigados pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU) por participação no esquema bilionário de fraudes contra aposentados. A informação foi revelada pelo Metrópoles.

Dos 40 acordos firmados ou renovados desde os anos 2000, 27 apresentaram indícios de irregularidades, incluindo contratos com empresas de dirigentes das próprias associações, firmas suspeitas de fraudes em assinaturas e procurações concedidas a lobistas já investigados.

Um dos nomes mais citados nos documentos é o lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, que aparece em pelo menos sete processos de entidades que buscavam firmar acordos. Ele chegou a apresentar procurações assinadas por dirigentes de fachada, incluindo a ex-presidente da Ambec, Maria Inês Batista de Almeida, que morreu em 2024 e era funcionária da Prevident, empresa de Maurício Camisotti, apontado como um dos beneficiários finais do esquema.

A Ambec, sozinha, teria faturado R$ 500 milhões com descontos indevidos entre 2021 e 2024. Antunes, segundo a PF, recebia até 27,5% de comissão por novas filiações obtidas por meio de suas empresas.

Além do “Careca”, a advogada Cecília Rodrigues Motta é apontada como peça-chave na rede de fraudes. Seu escritório teria recebido R$ 14 milhões de entidades sob investigação, repassando parte do montante a familiares de ex-dirigentes do INSS.

Empresas de tecnologia ligadas a dirigentes também aparecem nos documentos como responsáveis pela validação de assinaturas digitais e biometria de idosos. Em alguns casos, os registros de geolocalização mostravam filiações feitas a centenas de quilômetros de distância da residência dos aposentados, levando a condenações judiciais contra as entidades.

Os papéis revelam ainda vínculos entre entidades suspeitas e figuras ligadas a partidos políticos. A Unibap, por exemplo, contratou Pietro Lorenzoni, filho do ex-ministro da Previdência Onyx Lorenzoni (PP). Já o Sindnapi, que tem como vice-presidente Frei Chico, irmão do presidente Lula, aparece como contratante de empresas sob suspeita.

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