O avanço dos casos de intoxicação por metanol em várias regiões do país está mudando hábitos de consumo e aquecendo o mercado de bebidas artesanais no Ceará. Produtores locais relatam que, em poucos dias, a procura por destilados feitos no estado chegou a dobrar. A informação é da Mariana Lemos, do Diário do Nordeste.
Embora o Ceará não tenha registrado nenhuma suspeita de contaminação, o alerta nacional acendeu a desconfiança de consumidores e donos de bares. O temor de comprar produtos adulterados levou muitos estabelecimentos a reforçarem a checagem de fornecedores e a priorizar bebidas de origem rastreável e certificada.
O Brasil já soma 11 casos confirmados de intoxicação, com uma morte em São Paulo, além de outras 11 mortes em apuração. No total, 113 ocorrências suspeitas estão sendo investigadas em estados como Pernambuco, Bahia e Mato Grosso.
Cachaças e gins locais ganham espaço
Na fábrica da Donteresa, localizada no Eusébio, a movimentação cresceu como há muito tempo não se via. O empresário Henrique Plutarco, sócio da marca, conta que o aumento veio tanto de restaurantes quanto de consumidores finais.
“Os produtos mais procurados são os que mais têm tendência à falsificação: vodca e gin. Na hora de apresentar as bebidas, já mostramos a certificação, autorização e laudos necessários”, explica Plutarco.
Com produção em lotes pequenos, cerca de 100 litros por processo, a Donteresa garante controle total da origem e do destino das garrafas. Cerca de 80% das embalagens vendidas retornam para a fábrica, em um sistema de reaproveitamento que também reforça a autenticidade do produto.
Turismo e confiança impulsionam fábrica no interior
A Cachaçaria Viçosa Real, com sede em Viçosa, também viu o interesse crescer. O aumento foi de 50% nos pedidos em apenas uma semana, principalmente vindos da capital.
“A exposição do nosso processo fabril já faz parte da nossa empresa. Nosso espaço de produção é aberto à visitação. Além disso, sempre estamos buscando novas qualificações”, afirma Virllane Nogueira Bezerra, gerente de marketing.
O crescimento da demanda levou a empresa a ampliar o envio de cachaças e gins para a distribuidora em Fortaleza.
Para a Abrasel-CE (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), ainda não há sinais de retração nas vendas ou de mudança generalizada no consumo. A presidente da entidade, Taiene Righetto, reforça que o momento é de cautela e verificação.
