Um sentimento de medo e insegurança tomou conta do distrito de Tapuiará, em Quixadá, onde a população convive com o desespero causado por um homem em situação de rua, que apresenta aparentes distúrbios psicológicos e comportamento violento. O temor é ainda maior entre as famílias cujos filhos estudam nas proximidades, com relatos de mães que vivem angustiadas com a integridade física das crianças no trajeto entre a casa e a escola.
De acordo com relatos de moradores ouvidos pela reportagem do FOCO NO ASSUNTO, o indivíduo, que se recusa a tomar a medicação necessária, tem um comportamento errático e assustador. Episódios de nudez pública, gritos e atitudes agressivas tornaram-se cenas comuns, aterrorizando quem circula pela área. A situação se agravou nas imediações da escola local, que já foi alvo de depredações, incluindo danos ao ônibus escolar.
“Estamos com muito medo. As crianças ficam apavoradas, e nós, mães, não temos mais sossego. Ele já quebrou coisas da escola e até ameaçou as pessoas. Não sabemos mais o que fazer”, desabafa uma das mães, que preferiu não se identificar por temer represálias.
A direção da escola confirmou que está ciente da gravidade do problema e que a população tem cobrado providências. Em off, um funcionário do colégio informou que já foi registrado um Boletim de Ocorrência na delegacia de polícia civil e tem acionado repetidamente o SAMU (Serviço de Atestado Móvel de Urgência). No entanto, as soluções obtidas até o momento têm sido temporárias e insuficientes para resolver a questão.
O cerne do problema, segundo a comunidade, é um ciclo repetitivo de negligência. Os moradores relatam que, a cada nova ocorrência, o cidadão é levado pelo serviço de saúde para avaliação no CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), mas é liberado em seguida, retornando ao distrito e reincidindo no comportamento que gera pânico.
Este ciclo se repete há meses, sem uma intervenção definitiva por parte dos órgãos competentes, o que faz a comunidade se sentir abandonada pelo poder público.
“O SAMU vem, leva, e depois solta. E o problema volta para a nossa porta. A gente se sente abandonado. A escola não pode funcionar sob este estresse, e as crianças merecem um ambiente seguro”, declarou um funcionário da escola, que também não quis se identificar.
Diante da sensação de abandono e da ausência de uma solução efetiva, a comunidade de Tapuiará decidiu elevar o tom do apelo. Os moradores estão se mobilizando para cobrar uma ação integrada e definitiva do Ministério Público, da Secretaria Municipal de Saúde e da Secretaria Municipal de Educação de Quixadá.
O caso é tratado pela população como uma grave falha na assistência psicossocial do município. A expectativa é que as autoridades enxerguem a dupla face do problema: a vulnerabilidade do homem, que precisa de tratamento adequado e continuado, e a necessidade urgente de garantir a segurança e a paz pública no distrito.
“Não queremos que lhe façam mal, pelo contrário. Queremos que ele receba o tratamento de que necessita, em um local apropriado. Só assim essa situação terrível vai acabar e a nossa comunidade vai recuperar a tranquilidade”, concluiu um morador.
A reportagem do FOCO NO ASSUNTO tentou contato com as secretarias municipais de Saúde e Educação de Quixadá para obter um posicionamento sobre as providências que serão tomadas para resolver o caso. Até o fechamento desta edição, não havia obtido retorno.