O ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes (PDT) afirmou que está tentando encontrar modos prazerosos de “exercitar sua vocação”, pois não quer “mais depender da aprovação ou da crítica sebosa de eleitor”. A declaração foi dada em entrevista ao O GLOBO, quando questionado sobre as eleições de 2022 e seu tempo de reclusão desde o último pleito presidencial.
De acordo com Ciro, a eleição de 2022 o “chocou profundamente e matou” nele “a crença no sistema democrático brasileiro”.
“Os 3% foram a consumação desse processo. Nas outras eleições, tive 11%, 12%. Essa gente toda sucumbiu a uma onda fascista. Eu sabia que Lula não tinha a menor condição de entregar a tal esperança mistificadora que resumiu todo o drama para essa classe escolarizada de artistas e intelectuais. Como se o problema fosse nos livrarmos do Bolsonaro no primeiro turno, o que seria impossível. Bolsonaro não era um produto marciano, e sim do encontro trágico da pior crise econômica da história com o maior escândalo de corrupção (o petrolão) já visto. Fiz um detox. Estou tentando ver se encontro outros modos prazerosos de exercitar minha vocação. Não quero mais depender da aprovação ou da crítica sebosa de eleitor”, afirmou o ex-ministro.
Na mesma entrevista, Ciro reconhece que está isolado politicamente e se declara um “apaixonado pelo Brasil”, mas que é um “amante não correspondido”.
O pedetista também foi questionado sobre o rompimento com seu irmão, o senador Cid Gomes (PSB). Segundo ele, nunca houve briga entre os dois, pois ambos “nunca” trocaram “uma palavra áspera na vida”. Porém, ele explicou como se deu o rompimento: “Simplesmente eu fui lá e pedi a ele: ‘Não faça isso, você está me abandonando, e eu estou sozinho’. Pedi para ele coordenar minha campanha, e ele disse que não”.
Indagado se o rompimento pode ser emendado e se os dois nunca mais se falaram, Ciro respondeu: “Não. Não quero mais. Traição e ingratidão, sabe?”.