O debate entre André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT), transmitido pela TV Verdes Mares, trouxe aos eleitores de Fortaleza uma mostra desanimadora do que tem sido a corrida pela prefeitura: uma troca incessante de ataques pessoais e tentativas de deslegitimação.
Com ambos os candidatos tecnicamente empatados nas pesquisas, o público esperava ver projetos concretos e caminhos eficientes para o futuro da cidade. Porém, o que assistimos foi uma sequência de acusações sobre vínculos políticos e passados alheios, ofuscando propostas que realmente atendessem às necessidades de Fortaleza.
“Vou acabar com a multa por viseira levantada, a Taxa do Lixo, a Zona Azul, ampliar o projeto Mulheres Guerreiras”, disse André Fernandes quando questionado sobre suas propostas para as mulheres. Além disso, somando às propostas para esse público, repetiu várias vezes sobre a criação do programa “Merenda Feliz” e creches para as crianças, ignorando a diversidade de papeis e necessidades femininas na cidade.
Por outro lado, Evandro Leitão precisou lidar com um desnecessário pedido de explicação ao mencionar que pessoas com autismo são consideradas pessoas com deficiência — e são, a Lei 12.764/12 afirma isso. Em um momento em que a inclusão deveria ser um consenso, a insistência do candidato do PL revelou uma falta de compreensão do que já está consolidado no arcabouço jurídico e social.
Ambos os candidatos prometeram acabar com a taxa de lixo e avançar na regularização fundiária, uma pauta importante para Fortaleza. No entanto, ao entrarem no tema “emprego e renda”, por exemplo, a conversa novamente desviou para apadrinhamentos políticos e insinuações sem embasamento, mostrando uma falta de respeito aos eleitores, que permaneceram acordados à espera de soluções reais.
Ao longo do debate, Evandro tentou explorar a rejeição de Bolsonaro no Ceará, enquanto André, mesmo alinhado com o PL, tentava se desvencilhar da imagem do ex-presidente, apostando no antipetismo para angariar apoio.
Os indecisos, principais alvos dessa reta final de campanha, ficaram à mercê de um debate truncado e raso, com pouco valor informativo e agregador para a decisão de um voto. Para esses eleitores, resta o questionamento: estariam dispostos a eleger um candidato baseado apenas no desejo de mudança, mesmo que essa mudança signifique um retrocesso?
Em uma eleição polarizada, cabe aos eleitores avaliar o preço de cada voto e o real significado de “mudança” para o futuro de Fortaleza e pela continuidade da democracia.