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XV Bienal Internacional do Livro do Ceará: quando acontece, a curadoria e o que mais você deve saber

O tema da edição deste ano é “Das fogueiras ao fogo das palavras: mulheres, resistência e literatura”

Foto: Carlos Gibaja/Governo do Ceará

A XV Bienal Internacional do Livro do Ceará foi lançada oficialmente na última quinta-feira, 6, na Biblioteca Pública Estadual do Ceará (Bece), marcando o início da contagem regressiva para o evento, que será realizado gratuitamente de 4 a 13 de abril de 2025, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza.

Com o tema “Das fogueiras ao fogo das palavras: mulheres, resistência e literatura”, a Bienal é uma iniciativa do Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM) e apoio do Ministério da Cultura (MinC), via Lei Rouanet de Incentivo à Cultura. O evento tem como patrocinadores a Rede Itaú, Cagece e Cegás.

A curadoria da Bienal Internacional do Livro do Ceará deste ano é inteiramente feminina, formada pelas escritoras Sarah Diva Ipiranga, nina rizzi, Amara Moira e Trudruá Dorrico, sob a coordenação geral de Maura Isidório, orientadora da Célula de Livro, Leitura e Literatura (Celiv) e coordenadora de Formação, Livro e Leitura (CCFOL) da Secretaria da Cultura.

As curadoras

Sarah Diva Ipiranga é professora associada de Literatura Brasileira na UECE, Pós-doutora em Literatura pela Universidade de Lisboa, Coordenadora do Grupo de Estudos AMI: Autobiografia, Memória e Identidades.

nina rizzi é escritora, tradutora, professora e pesquisadora das intersecções entre artes visuais, literatura e educação com enfoque em gênero, raça e classe. Formada em História pela UNESP e Mestra em Literatura Comparada pela UFC. Traduziu obras de Abi Daré, Alice Walker, Bell Hooks, Gayl Jones, Jacqueline Woodson, James Baldwin, Nikki Giovanni, Toni Cade Bambara, entre outras. É autora de livros como “Tambores Pra N’zinga”, “Sereia no Copo D’água”, e dos infantis “A melhor Mãe do Mundo” e “Elza, a Voz do Milênio”. Em 2024 foi agraciada com o Prêmio Internacional Culturas de Resistência (CoR Award).

Amara Moira é travesti, feminista, doutora em teoria e crítica literária pela Unicamp e autora dos livros “E se eu fosse puta” (n-1 edições, 2023) e “Neca: romance em bajubá” (Companhia das Letras, 2024). Além disso, ela é colunista do UOL Esporte e da plataforma Fatal Model. Atualmente atua como Coordenadora no Museu da Diversidade Sexual, em São Paulo.

Trudruá Dorrico pertence ao povo Makuxi. Doutora em Teoria da Literatura na PUCRS. É escritora, artista, palestrante e pesquisadora de literatura indígena. Atualmente concluiu o pós-doutorado no Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação Emergentes e em Consolidação PDPG – Pós-Doutorado Estratégico/UFRR (2023-2024).

O conceito

Mima Renard, jovem imigrante francesa que veio para o Brasil colônia, foi queimada numa fogueira em São Paulo, no ano de 1692. Motivo: feitiçaria. Em 1754, também em São Paulo, Ursulina de Jesus, apresentada como bruxa e herege, teve seu corpo incendiado. Maria da Conceição, curandeira, por causa do seu ofício, associado à bruxaria, foi condenada à imolação em fogueira em 1798. Tybyra, indígena que rompeu com os padrões de gênero e sexualidade, sofreu uma morte atroz: amarram-no à boca de um canhão, despedaçando seu corpo com um disparo. Isso se deu em São Luís do Maranhão, no ano de 1614 e pode ser considerada a primeira morte por LGBTIfobia registrada no Brasil.

Essas mulheres, ‘incriminadas’ pela Inquisição e pelo preconceito, são um retrato em chamas da constante perversidade que se comete contra as mulheres desde sempre. O poder do outro sobre elas revela a ensandecida guerra contra o invisível, o ilógico, o místico, a natureza e a diferença.

Negras, indígenas, exiladas, curandeiras – elas são a marca de uma linhagem de mulheres sacrificadas, mas que têm, na figura de outras incandescentes, a possibilidade de ressurgir, resistir e usar agora o fogo das palavras para fazer valer as suas vidas. Falamos de Maria Firmina dos Reis, Henriqueta Galeno, Carolina de Jesus, Emília Freitas, Esperança, Conceição Evaristo, Eliana Potyguara, Graça Graúna, Maria Léo Araruna, Atena Beauvoir, Eliane Alves Cruz e de tantas outras mulheres, insubmissas ao tempo, que marcaram a ferro e fogo o seu lugar na literatura brasileira.

Atrações confirmadas

A lista de convidados e atrações que participarão da XV Bienal Internacional do Livro do Ceará está em construção, com nomes vários nomes de importantes escritores já confirmados, entre eles:

  • Ademario Ribeiro
  • Afonso Cruz (internacional)
  • Airton Souza
  • Aline Bei
  • Ana Miranda
  • Andrea del Fuego
  • Argentina Castro
  • Auritha Tabajara
  • Bruna Dantas Lobato (brasileira radicada nos Estados Unidos)
  • Bruna Karipuna
  • Bruna Santiago
  • Eliana Alves Cruz
  • Eliane Marques
  • Elisa Lucinda
  • Francy Baniwa
  • Geni Nuñez
  • Helena Vieira
  • Jarid Arraes
  • Jeferson Tenório
  • Lino Arruda
  • Luiza Romão
  • Micheline Veruschk
  • Mohamed Sarr
  • Socorro Acioli
  • Sony Ferseck
  • Stênio Gardel
  • Teresa Cárdenas (internacional)
  • Txai Surui
  • Verónica Valenttino

Além dos curadores e dos escritores convidados, a Bienal também anunciou os seus coordenadores de Espaço, e dentre eles estão os escritores Bruno Paulino e Gisele Sousa de Quixeramobim: o primeiro coordenará o Seminário de Periódicos Impressos e Eletrônicos, enquanto Gisele será uma das coordenadoras do Espaço Juventude e Literatura.

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