A extinção da Fundação Regional de Saúde (Funsaúde), pelo Governo do Estado, e da Fundação de Apoio à Gestão Integrada em Saúde de Fortaleza (Fagifor), pela Prefeitura, reflete um padrão na administração pública da saúde no Ceará.
Criadas para dar maior agilidade às decisões operacionais e facilitar a inovação no setor, essas fundações enfrentaram dificuldades de implantação e resistência política até serem descontinuadas.
No caso da Funsaúde, a principal justificativa foi o alto custo de manutenção e a dificuldade de integração com a rede estadual. Já a Fagifor, anunciada como solução para a gestão de hospitais e UPAs da capital, teve vida curta, encerrada sem explicações detalhadas pela gestão municipal.
Enquanto isso, hospitais de referência como o Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e o Instituto Doutor José Frota (IJF) seguem enfrentando problemas históricos, como superlotação, infraestrutura defasada e falta de insumos básicos.
A promessa de modernizar a gestão hospitalar por meio de fundações, adotando um modelo menos burocrático, não trouxe melhorias para a população. No lugar dessas estruturas, a administração estadual optou por reforçar a rede de Organizações Sociais (OSs), enquanto a Prefeitura retornou à gestão direta, sem apresentar uma alternativa que resolvesse as fragilidades do sistema.
Um dos maiores problemas de gestão na saúde pública cearense é o ciclo de descontinuidade administrativa. A cada nova gestão, estratégias adotadas anteriormente são revistas ou descartadas, sem tempo hábil para gerar resultados consistentes. A falta de consenso entre governo, profissionais da saúde e órgãos de controle também compromete a permanência dessas soluções.
A implementação de mudanças na saúde acaba esbarrando na dificuldade de articulação política e na falta de planejamento de longo prazo. Enquanto isso, problemas estruturais em hospitais de grande porte seguem sem previsão de solução, mantendo a saúde pública cearense com as mesmas limitações de décadas atrás.