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Estudantes da escola estadual do Choró desenvolvem projeto com catadores de materiais recicláveis do município

No vocabulário escolar, “meio ambiente”, “práticas sustentáveis” e “desenvolvimento social” são termos frequentemente usados pelos alunos durante as conversas nos corredores da escola

Foto: Divulgação

Localizado a 158 km de Fortaleza, no município de Choró, com pouco mais de 12 mil habitantes, alunos da rede estadual de ensino abordam, por meio de projeto extracurricular, a atividade de coleta dos materiais recicláveis, meio ambiente e práticas renováveis.

No vocabulário escolar, “meio ambiente”, “práticas sustentáveis” e “desenvolvimento social” são termos frequentemente usados pelos alunos durante as conversas nos corredores da escola. Pensando nisso, os próprios alunos da EEMTI Emanuel, no município de Choró/CE, desenvolveram e colocaram em prática o projeto “Histórias de Quem Coleta o Amanhã”, uma vivência entre os catadores de materiais recicláveis do município e os alunos. Quinzenalmente, os estudantes, de forma extracurricular, realizam visitas aos galpões de reciclagem e às residências dos catadores. Essa atividade passou a construir vínculos ao conhecer de perto a importância da atividade, as histórias de vida, os desafios e as conquistas de cada um.

Ana Cleide, catadora de recicláveis do município de Choró/CE, diz que “muita gente por aí ainda fala que a gente ‘cata lixo’. Mas eu digo com toda firmeza: eu não cato lixo, eu cato reciclagem. É daí que tiro meu sustento, é com isso que boto comida na mesa dos meus filhos e criei eles com dignidade. A gente ajuda o meio ambiente, limpa as ruas e ainda reaproveita o que muita gente joga fora sem pensar. Eu tenho orgulho de ser catadora. Eu tenho nome, tenho história, e meu trabalho tem valor.”

Para a professora Adriana Barros, que acompanha e coordena o projeto junto com os alunos, a atividade é de grande relevância e tem como missão dar visibilidade aos catadores de materiais recicláveis — trabalhadores essenciais para o cuidado com o meio ambiente, mas que ainda enfrentam a invisibilidade social.

Ambiente escolar como fortalecimento de vínculos: um momento especial do projeto acontece quando os próprios catadores são convidados a irem até a escola. Lá, são acolhidos com respeito e atenção, participam de entrevistas, rodas de conversa e têm suas histórias biografadas pelos alunos. Ao se verem reconhecidos e valorizados, muitos deles se sentem motivados a retomar os estudos, dando um novo passo em suas trajetórias.

“Nunca imaginei que ouvir a história de um catador ia mexer tanto comigo. A gente passa por eles na rua todos os dias e, quase nunca, olhamos nos olhos deles. Quando sentei para escutá-los, vi seres humanos cheios de coragem, força e de sonhos. Esse projeto me ensinou que toda pessoa tem uma história e que merece ser ouvida — o respeito e a empatia são coisas que a escola também precisa ensinar”, ressalta Maria Aparecida, aluna do 2° ano do ensino médio.

A coleta seletiva é uma atividade extremamente importante para o meio ambiente e para os catadores que, por meio dos materiais recicláveis descartados, fortalecem uma atividade econômica que gera trabalho e renda para 18 famílias no município.

“Histórias de Quem Coleta o Amanhã” é mais do que um projeto escolar; é um ato de justiça, de registrar memórias e de praticar a empatia. É a valorização daqueles que transformam resíduos em esperança e mostram, todos os dias, que a dignidade também se recicla.

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