Nos últimos dias, um caso no Ceará ganhou repercussão nacional: uma influenciadora digital foi flagrada tentando entrar com drogas em um presídio. Pouco tempo depois, ela voltou a publicar vídeos nas redes sociais, como se nada tivesse acontecido. O episódio, que poderia servir como alerta, acaba se somando a uma longa lista de escândalos protagonizados por pessoas que, para muitos jovens, são ídolos e referências.
A pergunta que precisamos fazer é simples: o que, de fato, esses influenciadores estão influenciando?
Vivemos uma era em que as redes sociais se tornaram vitrines de vidas editadas, recortadas e, muitas vezes, distantes da realidade. Nesse cenário, o sucesso é medido em curtidas, visualizações e seguidores. Não importam os meios, desde que os números cresçam. O resultado é uma corrida perigosa pelo “conteúdo” mais polêmico, chocante ou apelativo, em detrimento de qualquer compromisso com valores, ética ou responsabilidade.
Não é difícil lembrar de casos recentes. Criadores de conteúdo que humilharam trabalhadores para gerar engajamento. Pseudocelebridades que exibem ostentação financiada por atividades ilegais. Pessoas que transmitem, ao vivo, situações de risco ou de crime como se fossem espetáculo.
A cada novo escândalo, cresce a impressão de que parte significativa das redes sociais se transformou em palco para o mau exemplo, e o público, muitas vezes, aplaude.
Essa não é apenas uma questão moral. É um problema coletivo. Quando normalizamos comportamentos nocivos, estamos moldando o imaginário de adolescentes e jovens, que aprendem a associar sucesso a transgressão, e não a esforço ou mérito. O impacto disso na formação de caráter é profundo e perigoso.
É urgente que, como sociedade, nos perguntemos: qual tipo de conteúdo estamos consumindo e incentivando? Se os algoritmos amplificam aquilo que gera mais engajamento, e nós seguimos assistindo e compartilhando o pior, estamos colaborando com esse ciclo.
A influência é uma ferramenta poderosa. Pode inspirar, educar, informar e transformar vidas. Mas também pode banalizar crimes, incentivar preconceitos e corroer valores. Não podemos delegar esse poder sem questionar seu uso.
Mais do que nunca, precisamos de bons conteúdos. De vozes que promovam conhecimento, cultura, respeito e empatia. A nova geração merece referências que inspirem, não que degradem. Afinal, no fim das contas, a verdadeira influência não está na quantidade de seguidores, mas no legado que se deixa.