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Hytalo Santos: Polícia Civil está desvendando os bastidores sombrios da mansão do influenciador digital

Relatos impactantes de ex-funcionários da casa, ouvidos sob anonimato pelas autoridades, pintam um cenário de vigilância constante e privação de direitos básicos

Foto: Reprodução/Redes sociais

Uma investigação conjunta do Ministério Público do Trabalho da Paraíba (MPT-PB) e da Polícia Civil está desvendando os bastidores sombrios da mansão onde o influenciador digital Hytalo Santos, de 24 anos, vivia com adolescentes. Após uma denúncia anônima, as autoridades passaram a apurar a rotina de controle rígido e exploração a que os jovens estariam submetidos. Santos e seu marido, Israel Nata Vicente, foram presos em São Paulo na última sexta-feira, 15, acusados de tráfico de pessoas e exploração sexual de adolescentes.

Relatos impactantes de ex-funcionários da casa, ouvidos sob anonimato pelas autoridades, pintam um cenário de vigilância constante e privação de direitos básicos. Segundo os depoimentos, os adolescentes eram tratados “como propriedade” do influenciador, que controlava minuciosamente suas vidas:

  • Controle absoluto: Hytalo determinava quando os jovens podiam comer, dormir e até mesmo usar o celular.
  • Farsa escolar: “Inclusive já teve filmagens que ele fez pra postar na rede social, que as crianças estavam indo pra escola e, após desligar as câmeras, elas não iam pra escola”, relatou um ex-funcionário. Os jovens eram retirados da aula sempre que necessário para compromissos do influenciador, chegando a ficar até 50 dias consecutivos fora da escola.
  • Festa e álcool: Festas com consumo liberado de bebidas alcoólicas para os adolescentes eram frequentes na mansão. “Eu presenciei muita festa, bebida, e a bebida era vontade pra todo mundo. Todos bebiam, sem restrição”, afirmou outro ex-empregado.
  • Condições precárias: Uma ex-funcionária relatou ao MPT ambientes sujos e a falta de alimentação adequada, dependente da autorização de Hytalo.

A investigação apurou que a residência funcionava como um verdadeiro reality show forçado. Os adolescentes eram obrigados a gravar vídeos diariamente, frequentemente coreografias sensuais. Esse conteúdo, publicado nas redes sociais de Hytalo Santos (que acumulava milhões de seguidores), gerava altos lucros por meio de publicidade, rifas e sorteios online, configurando, segundo o MPT, exploração do trabalho infantil.

Casos graves e pagamento aos pais:

  • Uma das adolescentes engravidou enquanto vivia na casa e perdeu o bebê.
  • Os pais dos jovens, em sua maioria residentes em Cajazeiras (PB), cidade natal de Hytalo, recebiam mensalmente entre R$ 2 mil e R$ 3 mil como uma “mesada” para permitir que os filhos morassem com o influenciador. Apesar disso, conselheiros tutelares afirmam nunca ter recebido denúncias formais das famílias.

Hytalo Santos, que começou dando aulas de dança em praças públicas, alcançou grande fama nas redes sociais com vídeos envolvendo adolescentes. O sucesso trouxe carros de luxo e mansões. Ex-funcionários relatam que ele recebia grandes quantias em dinheiro vivo e joias, embora a defesa negue qualquer ilegalidade.

Após denúncias públicas do youtuber Felca, as principais redes sociais (TikTok, YouTube, Instagram) bloquearam os perfis de Hytalo e suspenderam a monetização por violações de regras, mas só o fizeram após o caso ganhar repercussão nacional.

Na prisão em São Paulo, cada um dos detidos foi encontrado com quatro celulares. “A suspeita é que eles estavam sim tentando se evadir e sabiam já que seria expedido um mandado de prisão”, afirmou o delegado Fernando Davi. A defesa contesta, alegando que o casal estava na cidade a passeio e qualifica a prisão como “um exagero tremendo”, negando veementemente as acusações de exploração sexual e tráfico de pessoas.

O MPT-PB e o Ministério Público estadual sustentam que as investigações comprovam a exploração de menores. Segundo os procuradores, os adolescentes foram aliciados em outras cidades, trazidos para João Pessoa e submetidos a trabalho forçado. Após a prisão do casal, os jovens foram devolvidos às suas famílias. As investigações continuam para apurar todas as dimensões do caso.

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