Inicialmente, é importante registrar que votei em Roberto Cláudio para o Palácio da Abolição em 2022. Considero-o um homem público admirável e muito preparado. Somado a isso, fazíamos parte dos quadros do PDT, assim como o nosso deputado estadual à época. Por coerência, não poderia ser diferente.
Contudo, Roberto Cláudio foi vencido, e o então deputado estadual do PT, Elmano de Freitas, sagrou-se vitorioso logo no primeiro turno da disputa eleitoral. A democracia foi plenamente exercida. Recolhidos os palanques das ruas e avenidas, cada um segue sua vida: os derrotados se afastam dos holofotes, que pertencem aos campeões, e agradecem pela confiança que lhes foi depositada nas urnas.
Aos vitoriosos, cabe a tarefa de colocar em prática seu projeto de governo, embora nem sempre isso aconteça. É natural que surjam discussões e acusações, que, diga-se de passagem, deveriam se limitar ao campo das ideias, distantes da vida pessoal dos envolvidos. Afinal, uma ofensa pessoal atinge não apenas o indivíduo, mas toda a sua família, amigos, compadres e vizinhos.
Ouvi muito nos bastidores e no que chamo de “Tribunal de Exceção” das redes sociais, como Instagram, Facebook, WhatsApp, blogs e rádio, que o governador eleito seria um “esquerdopata” e “militante do MST”. Diziam que ele seria um mero panfletário de movimentos sociais, com discursos comunistas. O que se comprova hoje, no entanto, é bem diferente do que pregavam. Revelou-se um homem sereno, equilibrado, bastante ajuizado e responsável.
As críticas, muitas delas fruto do oportunismo, apesar da seriedade do tema, concentram-se na segurança pública. Fui presidente do Conselho Comunitário de Defesa Social (CCDS) por três oportunidades e sou advogado militante sob o sol quente do Ceará há praticamente 31 anos, parte deles dedicados à advocacia criminal. Segurança não se resolve com chavões como “bandido bom é bandido morto”, nem com vídeos e discursos superficiais em redes sociais, que, em sua maioria, apenas repetem o óbvio sem apresentar sugestões concretas.
O Governo do Estado, é verdade, ainda tem esse complexo tema como um desafio pendente. Como todos sabem, não se trata de uma questão local, mas de um debate que transcende para o âmbito nacional. A inteligência, os novos equipamentos, o aumento do efetivo, a qualificação e a presença da Polícia Militar, da Polícia Civil, do BP Raio e das patrulhas especializadas percorrem o Ceará de ponta a ponta. Isso ocorre apesar das estatísticas ainda perversas de crimes dolosos contra a vida, contra o patrimônio e do crescimento do tráfico de drogas, que muitos criticam enquanto alguns são cúmplices dessa indústria.
Elmano de Freitas é um homem público sério. Criticá-lo de forma genérica é esquecer que não temos apenas um tema a debater em nosso Estado, que continuará avançando “sem dar um passo atrás”.